Breves considerações: é possível pensar?

Arquivo Pessoal

A causalidade e as mudanças que atravessam o olhar para o habitar de um corpo com deficiência, envolve o enfrentamento a banalização da sexualidade, a legitimação a autonomia, subjetividade, voz. É notório que tais premissas precedem gestões que alcançam macro extensões, implicadas também a feitos governamentais, porém como tem se dado desde os últimos dois anos, há o que se indagar e confrontar a que (m) se serve(m) quando pensado e atravessado tais garantias. 

Quanto a sexualidade como, por exemplo, questiona-se como questões primordiais que relacionam-se a representação dos sentimentos, do sexo, da masturbação entre as vivências. Na qual, apaga-se em silenciamento o prazer, enfocando-se a exclusão vinculada a universalização. Aliás, a exclusão, pois ao tratar desta universalidade não considera-se suas realidades sociais (pessoas com deficiência).

A infantilização em conjunto desses construtos, tenciona-se a assexualidade como identificação dessas pessoas (GESSER et al, 2014). Enquanto mulher negra, bissexual, psicóloga, deficiente dos membros superiores percebo em minhas multidimensionalidades, bagagens que rememoradas evocam a experiências atravessadas por discursos inviabilizadores passados em frases como “gosta de mulher por conta da deficiência” “você se masturba? como se não tem dedos?” “é assim por causa que não tem braços”. Falas essas relacionadas às noções binárias e biológicas, na qual entende-se que tais corpos (incluindo o meu) não possuem gozos e direitos a exercer. 

A expansão a ações de enfrentamentos viabilizadas pelas mídias digitais,  tem apontado a honrosas resistências, seja por pessoas cis, trans, drag queen, drag king, etc. Cabendo enaltecer Leandrinha Du Art, Nathalia Santos,  Cacai Bauer, Gabriela Neiva² entre outras (os), que reverberam potentes atos políticos e emancipatórios a partir da lógica desnaturalizante e contra hegemônica.  Que compreendem o fortalecimento de redes de apoios e mais, passam através de seus alcances sociais a “educação como prática libertadora” (HOOKS, 2020).

Assim, pensar na universalidade apresentada nas representações e papéis sociais em  relações de pessoas com deficiência e, discutir sobre a importância do fazer pautado em uma educação politizadora frente aos direitos a legitimidade de suas respectivas vivências interseccionais, além de implicar fomentos a políticas públicas, precede dentre ações uma teoria vinculada a prática. Em que se apresenta a partir de um olhar e, escuta qualificada, apreensões a problemáticas mencionadas.  Visando o lugar de fala pelo qual não é universal. 

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE, Ranyelle. Inclusão: os influencers com deficiência que transformaram a web. Disponível em:https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/comportamento/inclusao-os-influencers-com-deficiencia-que-transformaram-a-web. . Acesso 11 de Agosto de 2020.

GESSER, Marivete; NUERNBERG, Adriano Henrique. Psicologia, Sexualidade e Deficiência: Novas Perspectivas em Direitos Humanos. 2014. Disponível em: https://www.geledes.org.br/guest-post-envie-seu-texto-para-o-portal-geledes/. Acesso 11 de Agosto de 2020. 

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2020.

MIDIANINJA. Leandrinha Du Art. Disponível em:https://midianinja.org/author/leandrinhaduart/. Acesso 11 de Agosto de 2020. 

NEIVA, Gabriela. Apresentação. Salvador, 8 de Junho de 2018. Instagram:   @corregabizinha. Disponível em: https://instagram.com/corregabizinha?igshid=1m3f5dz54saa9. Acesso 11 de Agosto de 2020. 

 


¹ Mulher negra soteropolitana, deficiente dos membros superiores, bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário UniRuy. Trago bagagens pelo qual milito, como temas sobre comunidades,  violência doméstica e familiar, gestão comunitária, atenção integral à saúde das populações do campo, da floresta e das águas, gestão local de desastres naturais para a Atenção Básica, saúde mental, intervenção psicológica na uti: geral e cardíaca e, intervenções psicossociais com pacientes oncológicos. 

² Sugiro para conhecimento nos seguintes links: https://midianinja.org/author/leandrinhaduart/https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/comportamento/inclusao-os-influencers-com-deficiencia-que-transformaram-a-web e, https://instagram.com/corregabizinha?igshid=1m3f5dz54saa9. 


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