Califórnia e Ontário anunciam distribuição de absorventes íntimos para estudantes

Estado americano e província canadense decidiram facilitar o acesso de jovens a produtos para a menstruação. 'Assim como papel higiênico, absorventes devem ser disponibilizados em banheiros públicos', diz parlamentar.

FONTEDo G1
Caixas de absorvente em mercado em Sacramento, na Califórnia, em foto de junho de 2016 (Foto: Rich Pedroncelli/Arquivo/AP Photo)

Governos do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e da província de Ontário, no Canadá, anunciaram na sexta-feira (8) medidas para disponibilizar absorventes íntimos gratuitamente a estudantes.

Medidas como essas têm como objetivo combater a precariedade menstrual, identificada como a falta de acesso ou a falta de recursos que possibilitem a aquisição de produtos de higiene e outros itens necessários ao período menstrual.

No caso da Califórnia, o governador Gavin Newsom, assinou uma lei que exige às escolas públicas e universidades do estado que disponibilizem absorventes íntimos.

A legislação californiana já estabelecia desde 2017 a disponibilidade de absorventes, mas apenas para escolas de baixa renda. Agora, a exigência vale também para as demais instituições e inclui a California State University e a University of California, duas das principais universidades do estado.

A parlamentar democrata Cristina Garcia, que redigiu o texto, explicou a medida: “Nossa biologia nem sempre envia um aviso prévio de que estamos prestes a menstruar. Então com frequência precisamos parar o que estamos fazendo para lidar com a menstruação”.

“Assim como papel higiênico e papel toalha são disponibilizados em praticamente todos os banheiros públicos, produtos para a menstruação também devem”, acrescentou.

Também na sexta-feira, o governo da província de Ontário, no Canadá, anunciou uma parceria com um mercado para oferecer absorventes e outros produtos gratuitamente a estudantes. A intenção é oferecer 6 milhões de unidades às escolas anualmente.

“Pela forte luta de nossas jovens líderes nas escolas, ficou extremamente claro que produtos menstruais são uma necessidade, e não um luxo”, disse o ministro da Educação de Ontário, Stephen Lecce.

No Brasil, Bolsonaro veta distribuição

Na contramão dos países desenvolvidos, o presidente Jair Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorvente menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema. A decisão, publicada na edição desta quinta-feira (7) do “Diário Oficial da União”, argumenta que o texto do projeto não estabeleceu fonte de custeio.

Em evento no Paraná, a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu o veto de Bolsonaro:

“Hoje a gente tem que decidir, a prioridade é a vacina ou é o absorvente? As mulheres pobres sempre menstruaram nesse Brasil e a gente não viu nenhum governo se preocupar com isso. E agora o Bolsonaro é o carrasco, porque ele não vai distribuir esse ano”, disse.

No estado da Califórnia, que exigiu a distribuição de absorventes nas escolas públicas, cerca de 60% da população já está completamente imunizada contra a Covid-19. No Canadá, esse percentual chega a 72%. Em ambos os casos, a vacinação completa está mais avançada do que no Brasil, que ainda não chegou a 50%.

Após críticas, o governo disse que pretende agir para “viabilizar a aplicação da medida”. Contudo, não deu detalhes de como isso seria feito.

“Apesar dos vetos, o Governo Federal irá trabalhar para viabilizar a aplicação dessa medida, respeitando as leis que envolvem o tema, para atender de forma adequada as necessidades dessa população”, escreveu a Secom na rede social.

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