Camila Pitanga: ‘É alarmante o número de jovens negros assassinados’

Abre as asas sobre nós

Intolerância racial é o assunto da noite em premiação que homenageia os destaques nos direitos humanos

Camila Pitanga e Dira Paes foram as apresentadoras do Prêmio João Canuto, entregue pela turma do Movimento Humanos Direitos (MHuD) às pessoas e entidades que se destacaram na “luta pela vida”, segundo Camila, na Casa de Cultura Laura Alvim.

“Oi, minha presidenta!”, brincou Dira para Camila, assim que chegou ao teatro. As duas são diretoras do MHuD e pareciam felizes de estar ali, naquela noite engajada. “Nós precisamos acordar”, dizia Camila. “Existe um alarmante número de jovens negros que são assassinados por ano. É preciso quebrar essa anestesia e parar de fingir que tudo é natural”, disse.

Zezé Motta chegou pouco depois e, em plena semana de tensão racial nos Estados Unidos por causa da decisão do júri de não indiciar o policial branco que matou um jovem negro desarmado na cidade de Ferguson, disse que, por aqui, a situação não é muito diferente.  Tanto que aquele era o 17º evento a que comparecia para falar sobre intolerância. Ela deu como exemplo o programa “O sexo e as nega”, de Miguel Falabella, acusado de… racismo. “Vai sair do ar, né? Isso é perseguição, um retrocesso. Há muito tempo não se via um elenco com tantos negros talentosos tendo oportunidade”, explicou ela

Prêmio João Canuto 2014

A atriz e cantora foi muito aplaudida ao cantar “Senhora liberdade”, aquela do “abre as asas sobre mim”. “Que voz! Bravo”, gritou Marcos Winter, que andava sumido. Winter é um dos fundadores do MHuD. Gilberto Gil também se apresentou. Ele cantou “Drão”, “Three little birds”, de Bob Marley, e “Nossa gente”, do Olodum.

Um dos discursos mais aplaudidos da noite foi o de Elizete de Oliveira, que combate a xenofobia no Brasil. “Que os refugiados não sejam mais vistos como inimigos, como aconteceu com os escravos africanos, que foram arrancados de sua pátria”, comparou. Foi ovacionada.

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