Caminhada inicia série de atos contra a intolerância religiosa

O relógio marcava 15h30 desta quarta-feira, 15, quando representantes dos terreiros de candomblé do bairro do Engenho Velho da Federação libertaram três pombas brancas, para dar início à 13ª Caminhada pelo Fim da Violência, da Intolerância Religiosa e Pela Paz.

Por Francisco Artur, do A Tarde 

Povo de santo foram às ruas pelo fim da violência contra a mulher e contra as religiões de matrizes africanas – Foto Mila Cordeiro l Ag. A TARDE

Somente este ano, 49 casos de intolerância religiosa foram registrados na Bahia, de acordo com dados fornecidos pelo Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Nelson Mandela, vinculado à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi).

O ato, que contou com fogos de artifício, levou um trio elétrico pelas ruas do bairro e atraiu centenas de pessoas vestidas de branco, em homenagem a Oxalá.

Terreiros marcham contra a violência e a intolerância religiosa e pedem paz.

Liberdade de crença

Com a temática da violência contra a mulher, a caminhada foi liderada pela ialorixá do Terreiro do Cobre, Valnizia de Ayrá. À frente do trio, ela bradou palavras de ordem contra a intolerância e o machismo.

“Nossa caminhada mantém a esperança na humanidade para construir um mundo melhor, onde as pessoas tenham liberdade para exercer seus direitos”, discursou a ilalorixá.

Pároco da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, o padre Lázaro Muniz destacou o engajamento das religiões no combate à intolerância de crença. “Todos têm a liberdade de viver sua respectiva fé”, defendeu, enquanto abraçava uma mãe de santo.

Programação

A caminhada desta quarta fez parte das realizações do Novembro Negro. Além do ato, o mês terá uma série eventos em homenagem ao líder quilombola Zumbi dos Palmares.

Na manhã de sábado, 18, tecidos brancos (ojás) serão amarrados nas árvores de vários pontos da cidade. Já no próximo dia 20, está programada a Marcha da Consciência Negra, no bairro do Campo Grande.

*Sob a supervisão da jornalista mariana carneiro

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