Campanha da ONU empodera mulheres contra furto de fotos e conteúdos online

FONTEONU News
A violência online tem uma série de repercussões: nove entre 10 mulheres confirmam que prejudica seu senso de bem-estar (Foto: Unfpa/Alys Tomlinson)

Bodyright, um trocadilho com a palavra copyright, defende o direito sobre o corpo das mulheres e denuncia utilização de imagens sem autorização; iniciativa do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, quer proteger corpos e mentes da violência na internet; segundo a agência, logotipos corporativos e Propriedade Intelectual com direitos autorais recebem “muito mais proteção online do que as próprias pessoas”. 

A diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, afirma que uma música ou um logotipo estão mais protegidos na internet do que as imagens do corpo de uma pessoa. 

Para Natalia Kanem, chegou a “hora de empresas de tecnologia e de legisladores levarem a violência digital a sério”. 

Consentimento 

Buscando uma mudança, o Unfpa acaba de lançar a campanha digital “bodyright”. A agência destaca que logos corporativos e Propriedade Intelectual com direitos autorais recebem mais proteção que fotografias de corpos humanos, que geralmente vão parar na internet sem o consentimento da pessoa e são usadas de forma maliciosa. 

O Unfpa lançou um site especial para a campanha, onde qualquer pessoa pode acrescentar o símbolo ⓑ em uma de suas fotos e depois, partilhar nas redes sociais. Outra opção, é acrescentar o símbolo de “bodyright” numa foto diretamente nas stories do Instagram, usando stickers criados especialmente para a campanha e disponíveis nas stories do aplicativo. 

Criação de leis 

A agência da ONU espera chamar a atenção de legisladores, empresas e pessoas no geral, enviando a mensagem de que mulheres, meninas, minorias étnicas e raciais e a comunidade Lgbtq+ têm o seu valor e não podem ser vítimas de abusos na internet. 

Por ser um espaço sem fronteiras e muitas vezes anônimo, a diretora do Unfpa, Natalia Kanem, considera o mundo online “a nova frente para violência de gênero”. E a realidade “é que na internet, as pessoas não são donas dos seus corpos”. 

Perseguições digitais, discursos de ódio e a publicação de informações privadas sobre uma pessoa, incluindo o uso não-consensual de fotografias e de vídeos, são apenas alguns exemplos de violência online. 

Além disso, muitos países não têm leis que definem os abusos na internet como ilegais. Com isso, pessoas que tentam remover da rede suas próprias imagens têm poucos direitos e enfrentam um longo processo para conseguir que fotos e vídeos saiam do ar. 

Impactos na saúde mental 

Por outro lado, quando alguém infringe nos direitos de uma música ou de um filme, as plataformas digitais são obrigadas a remover o conteúdo imediatamente. O Unfpa quer que essa mesma proteção e repercussão sejam ampliados para as pessoas e suas fotos. 

A violência online tem uma série de repercussões: nove entre 10 mulheres confirmam que prejudica seu senso de bem-estar e mais de um terço das mulheres afirma que a violência cibernética já causou problemas de saúde mental.

O Unfpa lembra ainda que a violência digital inibe a autoexpressão autêntica, impacta a vida pessoal e profissional das pessoas que dependem de espaço na internet e nas redes sociais e também silencia as vozes das mulheres. 

Ao criar o conceito “bodyritght”, a Unfpa também lança uma petição global online, exigindo ação para o fim do abuso e da violência digital. 

Petição: https://www.globalcitizen.org/en/action/body-right-petition/

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