Caso Vini Jr: Polícia da Espanha vai poder parar jogos e esvaziar estádio para combater racismo

Decisão antes cabia exclusivamente ao árbitro; jornal teve acesso a uma nova instrução governamental que dá mais poder a forças de segurança durante partidas

FONTEdo O Globo
Vinicius Júnio (Foto: Oscar del Pozzo/AFP)

O Ministério do Interior da Espanha decidiu dar mais poder às forças de segurança no combate ao racismo e à xenofobia depois dos insultos racistas sofridos por Vinicius Júnior, em 21 de maio, durante uma partida entre Real Madrid e Valencia. De acordo com o jornal “El País”, a pasta preparou uma nova instrução para alterar o papel do comando policial responsável pela coordenação da segurança em arenas esportivas do país.

O comando policial poderá exortar o árbitro da partida “a não iniciar, a paralisar ou a suspender um jogo”, de forma temporária ou definitiva, quando o incidente racista for considerado “grave”. Os agentes poderão até mesmo decidir, unilateralmente, pelo esvaziamento do estádio ou de parte dele “em casos urgentes de segurança pública ou de risco grave” de que isso aconteça, segundo o “El País”.

Até aqui, o protocolo que regia o futebol espanhol restringia ao árbitro a decisão de suspender o jogo, conforme as regras recomendadas m 2017 pela Fifa e aplicadas pela Federação Espanhola de Futebol (RFEF). No entanto, Vinícius Júnior foi alvo de 14 casos semelhantes de racismo durante partidas de La Liga. Apenas um jogo foi interrompido, o embate entre Rayo Vallecano e Albacete, pela segunda divisão do campeonato, em 2019, quando torcedores chamaram repetidamente um jogador adversário de “nazista”.

Como racismo sofrido por Vini Jr. na Espanha revoltou o mundo

O jogo do Real Madrid contra o Valencia, que despertou uma reação global contra o racismo, foi retomado após uma paralisação. Na sequência, o Valencia foi multado, e parte do estádio foi fechada para torcedores. Três jovens foram detidos por insultarem o brasileiro e respondem por crime de ódio.

A nova instrução será enviada nos próximos dias à Polícia Nacional, à Guarda Civil e ao governo antes de entrar em vigor.

Conforme as novas regras, as medidas devem ser tomadas de forma gradual. Se paralisações provisórias não forem suficientes, o comando policial poderá propor a suspensão definitiva ou a expulsão dos torcedores para que a partida continue. Em princípio, a ordem deve ser tomada em comum acordo com o coordenador de segurança da arena e com o árbitro. Segundo o “El País”, o grupo deverá analisar critérios como a gravidade dos fatos, os possíveis impactos de uma ordem de esvaziamento no público e no desenvolvimento do jogo.

No entanto, a instrução também prevê que o comando policial possa “ordenar por sua própria iniciativa” a evacuação do estádio “uma vez que as chamadas para restaurar a ordem tenham sido esgotadas e quando não houver possibilidade imediata de tal restauração”. Neste caso, de acordo com o “El País”, os policiais vão apenar comunicar o árbitro.

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