Casting de modelos negros agita Casa de Criadores

(Foto: Francisco Cepeda / AgNews)

– Fonte: Folha de São Paulo –

Dupla Renan Serrano e Fernanda Ruivo ganha destaque com performance que aborda o preconceito

Francisco Cepeda / AgNews

A nova política de cotas para modelos negros, sugerida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e que deve entrar em vigor neste mês durante a São Paulo Fashion Week, já entrou para a pauta da moda. O tema apareceu com destaque na passarela da 25ª edição da Casa de Criadores, que terminou na última sexta-feira, em São Paulo.

No terceiro e último dia do evento dedicado a novos estilistas, a dupla Renan Serrano e Fernanda Ruivo apresentou um desfile-intervenção com casting composto somente por homens e mulheres negros.

Um vídeo simulando um ataque de hackers, com mensagens provocativas, interrompeu a vinheta institucional do evento enquanto modelos vestidos com roupas feitas de pano de chão entravam na passarela.

Apesar de o discurso carecer de reflexão e de organização – a dupla tentou estabelecer conexões entre a decadência do luxo, a pobreza e o preconceito racial-, a performance foi o ponto alto do evento.

Na edição passada da Casa de Criadores, em dezembro de 2008, Fernanda e Renan fizeram uma performance pichando roupas na passarela. Na época, estava pegando fogo a discussão sobre a prisão de uma estudante que pichou o andar vazio da 28ª Bienal de Artes de São Paulo.

Entre as coleções apresentadas para o verão 2010, os destaques foram as grifes João Pimenta e Purpure.
João Pimenta se confirma como o grande nome da Casa de Criadores, apostando em seu charmoso mix de alfaiataria e malharia. Seus caipiras, de botinas e calças curtas, têm uma elegância discreta, formatada em linhos e tecidos barrocos muito bem cortados e em algodão fluido.

Já a Purpure mandou bem no beachwear “à paulista”, com uma coleção sexy e divertida, inspirada na cantora Grace Jones. As peças são bastante versáteis; funcionam como maiôs e como bodies.

Rober Dognani, que vem apurando e sofisticando cada vez mais suas desconstruções sobre minivestidos, também merece destaque.

 

Oba-oba performático

 

Mas as duas estreias da vez decepcionaram. Milena Hamaní, apontada como revelação, tem boas ideias, mas ainda precisa trabalhar muito sobre suas modelagens se quiser competir no mercado beachwear.

A oNono, em contraponto à dupla Renan e Fernanda, caiu no tipo de oba-oba performático que deveria sumir dos eventos: a grife botou um grupo de modelos fazendo cara de paisagem no heliponto do shopping Frei Caneca. Difícil de ver as roupas, difícil de captar ali uma proposta de moda. Como diria Amy Winehouse, “no, no, no”.

 

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