CBF põe mulheres à frente do futebol feminino e iguala diária entre seleções

FONTEFolha de São Paulo
O presidente da CBF, Rogério Caboclo, anuncia Duda Luizelli (esq.) e Aline Pellegrino (dir.) para o comando do futebol feminino da entidade - CBF/Divulgação

A CBF anunciou na tarde desta quarta-feira (2) as duas novas profissionais responsáveis por comandar o departamento de futebol feminino, que estava sem liderança desde junho, quando Marco Aurélio Cunha deixou a entidade para se dedicar às eleições do São Paulo.

Ex-capitã da seleção brasileira, Aline Pellegrino, 38, assume o cargo de coordenadora de competições da modalidade. Ela atuava desde 2016 no comando do futebol feminino na Federação Paulista de Futebol.

Duda Luizelli, 49, que era coordenadora técnica do futebol feminino do Internacional, assume a coordenação das seleções femininas da Confederação Brasileira de Futebol.

O anúncio da contratação das duas profissionais foi feito pelo presidente da CBF, Rogério Caboclo, e precedeu a entrevista coletiva da técnica Pia Sundhage, que convocou nesta quarta 24 jogadoras para treinos com a seleção de 14 a 22 de setembro.

De acordo com Caboclo, que classificou a nomeação das duas dirigentes como memorável, no mês de março as diárias pagas às jogadoras da seleção feminina durante períodos de preparação e jogos passaram a ser iguais às da seleção masculina. Na ocasião, as atletas disputaram um torneio amistoso na França.

Em outubro de 2017, reportagem da Folha mostrou que os homens ganhavam R$ 500 por dia da CBF durante o período de treinos, enquanto as mulheres recebiam metade desse valor. Para jogos realizados fora do país, a diferença era ainda maior.

A diária masculina era paga em dólar e chegava a R$ 1.600, em valores convertidos, enquanto as atletas recebiam o mesmo valor para a preparação no Brasil, de R$ 250.

As premiações pagas por desempenho nos Jogos Olímpicos de 2021 também serão equivalentes para homens e mulheres. Já na Copa do Mundo de 2022, a proporção será a mesma, mas o total não, já que a Fifa destina valores muito maiores aos participantes do Mundial masculino.

“Espero que eu seja um elo entre clubes, atletas, federações e a confederação, porque a gente está dentro da hierarquia desse processo. Venho com o objetivo na mediação entre eles, pelo desenvolvimento do futebol feminino no Brasil”, disse Aline Pellegrino durante a apresentação.

Durante a sua gestão na Federação Paulista de Futebol, Pellegrino liderou a criação do primeiro torneio estadual de base, o Paulista sub-17, além da primeira peneira para meninas organizada pela federação.

A final do Campeonato Paulista profissional de 2019, entre Corinthians e São Paulo, reuniu 28 mil torcedores em Itaquera, recorde para a modalidade no país.

Nascida em São Paulo, Aline Pellegrino começou a jogar bola aos seis anos de idade. Aos 15, iniciou sua carreira profissional. Atuou por São Paulo, Juventus e Santos, e jogou também no futebol da Rússia.

No clube da Mooca, chegou como atacante, mas sua então treinadora Magali Fernandes a mudou de posição e a transformou em zagueira. Como defensora, Aline construiu uma carreira sólida, que a levou a vestir a braçadeira de capitã da seleção brasileira por sete anos.

Com a equipe nacional, foi medalha de prata em Atenas-2004 e ouro no Pan do Rio de Janeiro, em 2007, além de vice-campeã mundial no mesmo ano.

Aline Pellegrino pendurou as chuteiras em 2013 e, após breve experiência como treinadora no Pernambucano, passou a ser dirigente em clubes para depois assumir o futebol feminino da Federação Paulista.

Nascida no Rio Grande do Sul, Duda Luizelli foi criada dentro do Internacional. Sócia do clube, foi aprovada em uma peneira no Beira-Rio quando tinha 13 anos de idade, em 1984.

Ainda com 13, fez sua estreia no profissional do Inter, que disputou naquele ano a 2ª Taça Brasil de Futebol Feminino. Em 1987, o departamento feminino colorado foi fechado e ela migrou para o futsal.

Na nova modalidade, recebeu convite para jogar na Itália, onde atuou por Milan e Verona.

De volta ao Brasil, chegou a atuar pela seleção brasileira de futebol em duas edições do Campeonato Sul-Americano e, em 1996, liderou a reabertura do departamento feminino no Internacional. Paralelamente, inaugurou uma escolinha de futebol só para meninas, que funcionava dentro das instalações do Inter.

Sua segunda experiência no Inter foi encerrada em 2004, com novo fechamento do futebol feminino, o que coincidiu com o fim da carreira de Duda como atleta.

Após anos de atuação exclusiva à escolinha, foi convidada a fazer parte mais uma vez da história do futebol feminino profissional do Internacional. Em 2017, o clube gaúcho reativou a modalidade, e Duda Luizelli passou a ser a gerente responsável pelo projeto.

Sob sua gestão, o Internacional ganhou o acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro feminino em 2019, além de bicampeão estadual. Em 2020, no início do ano, o sub-16 colorado faturou a Copa Libertadores feminina.

“Quando o presidente Rogério Caboclo falou que o objetivo da CBF era o apoio total ao futebol feminino e que gostaria de fazê-lo o melhor do mundo também, o meu olho brilhou e vi que era eu a pessoa para estar aqui. Quero contribuir com o presidente Rogério em busca desse objetivo, e é por esse motivo que estamos aqui. Agora, é trabalhar bastante”, disse a gaúcha, nesta quarta, na sede da CBF.

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