Centro de Memória de Geledés disponibiliza mais de 9 mil títulos para consulta

Aberto para visitação de segunda a sexta, o Centro traz uma vasta produção de documentos que abordam os direitos humanos, das mulheres e da população negra. O espaço também conta a história institucional de Geledés, que atua nessas frentes há 34 anos

FONTEPor Isabela Alves, de Geledés

Com o objetivo de preservar a memória da população negra do país, Geledés – Instituto da Mulher Negra abre ao público o Centro de Documentação e Memória Institucional. 

O espaço abriga uma biblioteca que oferece 9 mil títulos para consulta local que abrangem temas como políticas sociais, direitos humanos, raça, gênero,  educação, cultura e feminismo. No local, também há uma vasta produção bibliográfica sobre o Continente Africano. 

Há um trabalho em andamento no Centro de Documentação,  que se direciona para sistematização dos documentos de Geledés, assim como de outros dois arquivos importantes, recebidos pela organização este ano, e que será de grande contribuição para pesquisadoras e pesquisadores negras e negros, educadores, educadoras para que possam contribuir com o desenvolvimento de narrativas que contem as nossas histórias que nos levaram a importantes conquistas como população negra. 

O Centro de Memória é um espaço público, mas a biblioteca não é circulante. Isso significa que os usuários podem consultar o acervo e fazer as pesquisas dentro do ambiente de Geledés mediante o agendamento prévio pelo whatsapp.

Na instituição também há um auditório onde são promovidas atividades como rodas de conversas, saraus e atividades culturais. As ações são divulgadas com antecedência nas redes sociais de Geledés.

Logo na parede do auditório, o visitante pode contemplar um mural de fotos com todas as presidentas de Geledés desde a sua fundação, em 1988. “Essa é uma das maneiras da gente contar um pouco da história dessa organização que está ativa há 34 anos fazendo tanto pela sociedade civil, pelos movimentos de mulheres e da população negra”, diz Suelen Girotte, coordenadora do Centro de Documentação.

Nas paredes do espaço da biblioteca, também aparecem os volumes da Revista Pode Crê!, projeto desenvolvido dentro da área de direitos humanos nos anos 90 pela instituição. Produzida e feita para os jovens negros, a revista foi um importante veículo de comunicação para a juventude e um símbolo de resistência, produção musical e intelectual, e de representação na época. 

Também estão expostos nas paredes cinco cadernos publicados entre 1991 e 1995. Cada uma das publicações traz uma temática específica sobre acontecimentos e lutas históricas da época em que foram publicados. 

“Os cadernos trazem à tona uma parte da produção de conhecimento de Geledés, pois existiam também outras frentes de trabalho. Os temas abordam desde a saúde das mulheres negras, o racismo, legislações que prejudicavam a população negra e a organização da Conferência de Beijing organizada, que ocorreu em 1995,  pelas Nações Unidas”, conta a historiadora.

Aqui, Suelen se refere à IV Conferência Mundial sobre a Mulher: Igualdade, Desenvolvimento e Paz, encontro organizado pela Organização das Nações Unidas entre 4 de setembro e 15 de setembro de 1995 em Pequim, na China. O evento foi um marco histórico que discutiu os direitos das mulheres e foi nessa conferência que os direitos sexuais e reprodutivos femininos foram reconhecidos como parte dos direitos humanos. 

“A preservação e difusão  da memória é uma maneira de recuperar aquilo que faz parte da história da população negra brasileira, e deveria ser um projeto de sociedade a garantia desse direito. Eu vejo como uma questão que se conecta a demandas como estratégias para se cumprir a legislação que delibera sobre o ensino da história da África e da nossa negritude brasileira na educação de base, por exemplo”, observa.

A historiadora ressalta que ao pensar na produção acadêmica do Brasil ao longo da história, o conhecimento produzido pela população negra foi por muitas vezes ignorado e excluído do debate. Portanto, o Centro cumpre a importante função de manutenção, continuidade de recuperação e difusão dessa memória. 

“A memória negra é um direito humano. É ela que nos possibilita pensar as nossas identidades, possibilidades e aprender com o que as nossas mais velhas fizeram e fazem para o coletivo. Para a manutenção da nossa vida, estratégias e conhecimentos que foram produzidos. Essa é uma leitura de Brasil e de mundo que nos inclui e nos respeita”, conclui. 

Agende a sua visita através do whatsapp (11) 3333-3444. Para consultar os títulos presentes no acervo, clique aqui.

Serviço

Endereço: Rua Santa Isabel, 137. CEP: 01221-010. São Paulo/SP

Aberto de segunda a sexta (exceto aos feriados), das 10h às 17h. 

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