Cimi: está acontecendo um verdadeiro genocídio de indígenas no Brasil

Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou um relatório segundo qual, em 2016, foram registrados 118 assassinatos de indígenas no país; maior alvo da violência foi o povo Yanomami, na Região Norte, com 44 casos de morte resultante de violência; segundo o secretário-executivo do Cimi, Cléber Buzatto, está em curso no Brasil um processo agudo de agressão aos direitos dos povos indígenas; “No congresso nacional tramitam diversas propostas legislativas que visam a mudança da constituição. Têm sido muito intensas as campanhas e os discursos por parte dos deputados da bancada ruralista e da bancada que também representa a mineração contra os povos indígenas e contra os seus direitos. Com flagrante incitação à violência contra os povos indígenas”, alertou Buzatto

Do Brasil 247

Sputnik Brasil – Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou um relatório segundo qual, em 2016, foram registrados 118 assassinatos de indígenas no país. O maior alvo da violência foi o povo Yanomami, na Região Norte, com 44 casos de morte resultante de violência.

Quais seriam as causas dos assassinatos e o que pode ser feito para evitar esse genocídio de índios no país? Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Cléber Buzatto, secretário-executivo do Cimi.

Segundo o interlocutor da Sputnik, está em curso no Brasil um processo agudo de agressão aos direitos dos povos indígenas e isso tem se traduzido, de certa maneira, no aumento das violências contra as comunidades em suas localidades.

“No congresso nacional tramitam diversas propostas legislativas que visam a mudança da constituição. Têm sido muito intensas as campanhas e os discursos por parte dos deputados da bancada ruralista e da bancada que também representa a mineração contra os povos indígenas e contra os seus direitos. Com flagrante incitação à violência contra os povos indígenas”, alertou Cléber Buzatto.

O relatório do Cimi também demonstrou que 106 suicídios foram cometidos por indígenas em 2016 e 735 crianças menores de 5 anos morreram por causas relacionadas à desnutrição infantil.

O secretário-executivo do Cimi explicou que, no Mato Grosso do Sul, particularmente no caso da população Guarani Kaiowá, os suicídios decorrem de uma falta da garantia de um futuro. Os conflitos vividos pelas populações indígens em geral com a sociedade no seu entorno pode ser considerada como uma das causas principais, apesar de estudos sobre o tema serem necessários. Isso afetaria muito os jovens, que vivem em situação econômica precária e com problemas para encontrar renda.

“Chamamos a atenção para essa realidade em outras regiões. Avaliamos ser necessário que estudos mais aprofundados sejam realizados sobre esses fatos para determinar as causas efetivas dessa situação. Entre as hipóteses que nós levantamos, essa situação teria a ver com a rejeição por parte da sociedade no entorno. Bem como de agressividade contra a populações indígenas nas cidades”.

Um outro grave problema, segundo Buzatto, seria o distanciamento entre as populações indígenas e o poder público. A FUNAI, que seria órgão responsável por esse processo, tem as suas atribuições extremamente prejudicadas nos últimos anos, principalmente em função de falta de estrutura financeira e pro falta de pessoal. Assim, o órgão que deveria intermediar as questões fundiárias e relativas à demarcação de terras acabou por se afastar das populações e não consegue responder às demandas.

“O nosso relatório é um instrumento que a gente utiliza para alertar para a violência, mas ao longo do ano também apresentamos denúncias, haja visto a vulnerabilidade e a gravidade da situação em função da falência dos órgãos competentes”, disse o representante do Cimi.

“Podemos afirmar que está se configurando um genocídio. O próprio procurador da república do estado de Rondônia, em entrevista a um jornalista do Cimi fez essa afirmativa. Já temos relatos de violência contra povos isolados na região Amazônica”, alertou o indianista.

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