Cinco formas de exercer o seu antirracismo

Jaqueline Fraga (Foto: Arthur Mota)

Vou começar a coluna desta semana falando sobre um outro projeto que também tem muito a ver com esse. Além de colunista da Negras Que Movem aqui no Portal Geledés, também sou colunista no Blog Tesão Literário. Lá, escrevo sobre livros e literatura, especialmente sobre obras produzidas por autoras negras.

Hoje, vou fazer um intercâmbio entre os dois espaços e compartilhar uma análise, que também é uma dica de leitura, que publiquei no blog. O texto, aliás, foi escrito a partir de postagens que produzi para as minhas redes sociais. Inclusive, já deixo aqui o convite para quem desejar me acompanhar por lá (@jaquefraga_ e @livronegrasou). Ficarei muito feliz! 

Voltando ao texto propriamente dito, essa é uma dica de leitura para pessoas que buscam exercer, realmente, o antirracismo. É  preciso estar atenta e atento aos comportamentos praticados no cotidiano. É preciso que haja um compromisso real na busca por equidade e combate ao racismo.

Em seu Pequeno Manual Antirracista, editado pela Companhia das Letras, a filósofa Djamila Ribeiro traz aspectos que podem iniciar os debates sobre o tema. São capítulos que tratam, de forma resumida, como o próprio nome do título indica, mas de maneira acertada, sobre formas de exercer, no dia a dia, o antirracismo.

Vou mencionar, aqui, cinco atitudes elencadas no livro. Lembrando que elas não se esgotam em si, mas podem ser um norte para iniciar, de fato, o letramento nas questões raciais.

1. Informe-se sobre o racismo

O racismo no Brasil difere de outros países, então é importantes estar atento às discriminações, que estão fortemente ligadas às características fenotipicamente marcantes de pessoas negras, como narizes e bocas mais largos, além, obviamente, da tonalidade da pele. É preciso, também, nomear as opressões, classificando atitudes discriminatórias como o que de fato elas são: atitudes racista. O capítulo também fala sobre a necessidade de se aprender com o feminismo negro, buscando a representatividade e a diminuição das desigualdades e barreiras impostas às mulheres negras.

2. Enxergue a negritude

Devemos valorizar as características afrodescendentes e combater os estereótipos negativos historicamente atribuídos às características das pessoas negras, isso vai desde a questão intelectual até os aspectos estéticos. Também precisamos apoiar projetos liderados por pessoas negras e pensar em soluções reais. Você compra de empreendedores negros? Na empresa em que você atua há políticas de equidade racial?

 3. Reconheça os privilégios da branquitude

É comum ouvirmos pessoas brancas falando que não podem debater sobre o racismo porque não têm lugar de fala, mas elas podem e devem se engajar na luta antirracista, a partir do lugar enquanto pessoa branca. Reconhecer os privilégios da branquitude é um passo para lutar contra as consequências do racismo em suas mais variadas formas, como institucional e estrutural. É preciso também compreender que a presença de uma maioria branca em espaços de poder não foi um processo natural mas construído a partir da escravização e posterior abandono e segregação de pessoas negras.

4. Perceba o racismo internalizado em você

A maioria das pessoas admite haver racismo no Brasil, mas quase ninguém assume já ter adotado práticas racistas. É o paradoxo de um país em que há a presunção de uma democracia racial que não existe. É preciso, também, adotar práticas antirracistas para além das redes sociais, não é apenas uma tela preta com uma hashtag que vai acabar com os crimes e as desigualdades contra a população negra.

5. Apoie políticas educacionais afirmativas

Devido ao racismo estrutural, a população negra historicamente tem menos condições de acesso a uma educação de qualidade. Esse não é um debate sobre capacidade, mas sobre oportunidades. Estamos vendo atualmente, inclusive, a tentativa de um desmonte de políticas afirmativas que são fruto de muita luta e resistência. É um bom momento para cada um de nós, seja você pessoa negra ou não, exercer o antirracismo e buscar garantir direitos fundamentais.

Essas são algumas das reflexões que surgiram com a leitura do Pequeno Manual Antirracista e com os estudos, análises e vivências cotidianas. Em uma próxima oportunidade, vamos conversar sobre mais cinco formas de exercer, rotineiramente, o nosso antirracismo. Até lá! 

Minibio

Jaqueline Fraga é escritora, jornalista formada pela Universidade Federal de Pernambuco e administradora pela Universidade de Pernambuco. Apaixonada pela escrita e pelo poder de transformação que o jornalismo carrega consigo, é autora do livro-reportagem “Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho”, finalista do Prêmio Jabuti, e do “Big Gatilho: um livro de poemas inspirado no BBB 21”. Escreve por profissão prazer e terapia. Escreve porque respira, respira porque escreve. Pode ser encontrada nas redes sociais nos perfis @jaquefraga_ (Instagram e Twitter) e  @livronegrasou (Instagram). 

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.