A escritora Conceição Evaristo irá receber o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). A concessão do título foi aprovada, na última semana, por unanimidade pelo Conselho Universitário.
Conceição Evaristo será a primeira mulher negra a receber tal título na UFPR. Até o momento, a universidade concedeu 62 títulos honoris causa, sendo 56 para homens (51 para homens brancos) e apenas 6 para mulheres, todas brancas.
“Nesse sentido, torna-se urgente que a Universidade realize essa reparação histórica não apenas na concessão de títulos, mas sobretudo reconhecendo e questionando as regras e dinâmicas sociais, culturais, econômicas e políticas que dificultam os acessos para as mulheres, em especial as negras dentro e fora do mundo acadêmico”, aponta o relato da apreciação do Conselho Universitário.
O documento ainda ressalta a importância de reconhecer os “méritos dessa grande intelectual, artista e figura pública” e a necessidade de propor uma reflexão sobre “as dificuldades encontradas pelas mulheres, em especial as negras e periféricas, em serem reconhecidas pelo seu trabalho intelectual, visto que Conceição Evaristo demorou 44 anos para publicar sua primeira obra e mais 30 anos para alcançar visibilidade”.
O título de doutora honoris causa é concedido a pesquisadoras e pesquisadores que, em sua atuação profissional, contribuíram decisivamente para construção do conhecimento em sua respectiva área.
Trajetória da escritora
Conceição Evaristo nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1946. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1973, onde integrou os quadros do magistério da capital até 2006. Formou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1990. Recebeu o título de mestre em Letras-Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em 1996. Em 2011, concluiu seu doutorado em Letras-Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Sua produção literária inclui livros de romance, poesia e contos. Em 2015, ganhou o prêmio Jabuti de Literatura, na categoria “Contos e Crônicas”, com a obra “Olhos d’água”. Em 2018, foi candidata a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).