Candidatos a Negro e Negra Malê desfilaram para o público que lotou a sede do bloco Malê Debalê, em Itapuã, neste domingo (01). Com trajes africanos, passando por uma comissão julgadora que avaliou aos critérios de simpatia, beleza, caracterização afro e desenvoltura no palco, quem levou os títulos de Negro e Negra Malê 2015 foram o animador de festa Celso Henrique Santana e a facilitadora teatral Gisele da Silva Santos. Completando sua 36ª edição, o evento abriu com apresentação do Bloco Malezinho – composto por crianças que desfilam no domingo de carnaval no bairro de Itapuã, seguido da apresentação do grupo Samba e Sede.
“O Malê é um dos blocos que mantém essa tradição iniciada pelo Ilê. Muitos blocos afro deixaram de fazer esse concurso de beleza que, para mim, foi a maior política de ação afirmativa que aconteceu nesse país, pois fez com que as mulheres mestiças dessa terra afirmassem sua identidade, elevasse sua autoestima, buscasse o conhecimento, fosse para academia fazer suas pesquisas, descobrir sua ancestralidade e sua origem. Fico muito contente em perceber que o Malê resistiu, porque não é fácil. A entidade está no caminho certo”, declarou Arany Santana, diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), unidade da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).
O diretor de Relações Internacionais do Malê, Billy Arquimimo, lembrou que a eleição do Negro e da Negra Malê é interessante para dar prosseguimento à história. “Nós somos descendentes do continente africano e sabemos que, de lá pra cá vieram reis e rainhas e para que a gente continue essa narrativa, faz todo sentido manter viva a prática do concurso de beleza negra”.
Além do concurso, o público pôde apreciar as participações especiais de Aloísio de Menezes, Larissa Luz, além de canções de Bob Marley sob a voz de Stacie Aaamon, artista que reside em Los Angeles e tem sua 5ª passagem por Salvador. O evento, que teve apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, encerrou a noite com a banda Katulê.
Vovô do Ilê explicou a importância do evento para o reconhecimento da cultura negra na Bahia. “É fundamental que os blocos tenham seus espaços de valorização do homem e da mulher negra. Isso é ter identidade. O Malê é de Itapuã e as coisas acontecem aqui. É isso que marca, é isso que valoriza e contribui para a busca da reparação, da autoestima do povo negro depois de tanto tempo de luta numa cidade racista como Salvador”.
Os vencedores além de ganhar troféus, desfilarão em cima do trio no carnaval e participarão das apresentações do bloco durante o ano de 2015. A edição do carnaval terá como tema Kirimurê: Malê Debalê recontando o recôncavo.
Malê Debalê
Nasceu de jovens moradores de Itapuã e outros que residiam em outros bairros, como Garcia e o Tororó. De fora, os jovens traziam a vivência de outras entidades culturais negras que foram se moldando ao jeito “itapuazeiro” de ser, construindo uma entidade que, além de carnavalesca e promotora de valores e significados da Cultura negra, também fosse um espaço de afirmação positiva da história e do sentido do bairro de Itapuã, da lagoa do Abaeté e arredores.
Foto em destaque: Reprodução/ Aratuonline