Conheça as 21 empreendedoras Negras da Lista da Forbes

Há aproximadamente um ano decidi empreender e comecei minha primeira startup, a Afrô. Independente dos desafios que se apresentam, é incrível começar algo só seu, especialmente quando sua ideia é forte e você sabe que vai poder fazer muito mais do que ganhar dinheiro através dela. Todo esse processo me mostra a importância de iniciativas empreendedoras e inovadoras dentro da comunidade negra, especialmente entre jovens e mais especialmente ainda entre mulheres negras.

Por Élida Aquino Do Meninas Blackpower

Em 2015 soubemos que a maior parte dos empreendedores brasileiros é negra e que a maior parte dos empreendedores negros é feita de mulheres negras. Que bom! Fortalecer a autoestima, gerar independência e ascensão econômica, nos reposicionar na pirâmide do sucesso e criar alternativas lucrativas para driblar o sistema que normalmente nos rejeita mesmo quando somos competentes o bastante, são fatores de uma lista enorme de vantagens que dão sentido ao que fazemos. Não é fácil, várias barreiras se apresentam quando a gente decide inovar e falar em nosso próprio nome – como é o caso da Thainá Sagrado, essa maravilhosa idealizadora da Themba, e outras blogueiras de periferia distantes dos holofotes que falaram aqui – mas se a gente não fizer, ninguém fará em nosso lugar.

A Forbes, revista dos EUA sobre negócios e economia, publica há alguns anos a lista #30under30, com jovens que se destacaram ao redor do mundo empreendendo em várias categorias. A lista de 2016 saiu dias atrás. 20 categorias, 30 jovens em cada uma delas. Sim, abri todos os links, analisei cada categoria. Meu coração batia mais forte e se sentia mais impulsionado cada vez que os olhos viam pessoas como eu, suas ideias lindas e pioneiras. Adoro me identificar, principalmente em casos de sucesso. Temos repetido sempre que “representação e representatividade importam”, mas relembro o valor dessa importância: ver um corpo como o seu remodelando a lógica, saindo do lugar que esperavam que ele ocupasse, fazendo coisas grandiosas, é a prova de que o seu também pode ir. No ano passado recebemos um presente semelhante: o Coletivo Meninas Black Power, Jaciana Melquiades – que arrasou e trouxe o prêmio da categoria Conhecimento pra casa! – e eu fomos indicadas ao Prêmio Movimentos Criativos, iniciativa genial que aconteceu durante a última Feira Preta. Ficamos dentro dessa lista que indicava 77 jovens negras e negros que estão criando e reformando as coisas por aqui.

Em tempos de reflexões intensas sobre como somos maiores que os esteriótipos que nos perseguem, vale muito notar um grande movimento acontecendo, o exercício do nosso poder de inspirar e potencializar gente como nós a romper limites, ver várias e vários de nós se destacando. Por isso reli a lista da Forbes algumas vezes. Ver jovens negras e negros lá, principalmente as 20 meninas, me lembra do quanto podemos ser e fazer. Quero que você que está lendo saiba: não importa se não chegou aos 30 ou se já passou por eles, aproveita esse início de ano pra pensar em como tirar suas ideias boas do papel e seja parte disso. Reescreve a história também. Abaixo as 20 rainhas que marcaram essa lista e suas ideias de negócio que merecem ser conhecidas.  É o poder! Inspirem-se.

ARTE E ESTILO

1Azede Jean-Pierre, 27

Designer de moda, Azede Jean-Pierre

É haitiana e cresceu em Atlanta, EUA. Começou a grife que leva seu nome em 2012. Michelle Obama usou um de seus vestidos na capa da Essence e Solange Knowles é uma grande fã. Lembra daquele conjunto com estampa de formigas? Então, ideia dela.

Madison Maxey, 22

Designer de moda, The Crated

Muito sinistra! Primeira designer de moda escolhida para o prêmio da The Thiel Fellowship. Em 2013 fundou The Crated: estúdio de design + engenharia que cria roupas que unem moda e tecnologia. O vestido preto financiado pela Google e desenhado pelo famoso designer Zac Posen, com luzes LED multicoloridas na composição, é uma obra

CINEMA E TV

Zendaya, 19

Atriz e cantora

Começou a carreira no programa “Shake It Up” do canal Disney e lançou o primeiro álbum em 2013. Tem uma linha de sapatos, álbum produzido por ninguém mais que Timbaland e cerca de 36 milhões de seguidores e uma Barbie própria no currículo.

EDUCAÇÃO

Constance Iloh, 28

Chanceler de pós-doutorado, Universidade da Califórnia, Faculdade de Educação Irvine

Professora assistente na Irvine, apresentou seu trabalho na edição 2015 do prêmio Black Excellence na categoria Ensino Superior, sob patrocínio da Casa Branca. Agora ela é orientadora no pós-doutorado.

EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Alexandria Lafci, 26

Co-fundadora, New Story

New History promove a construção de casas para famílias de países em desenvolvimento. Já construíram 151 casas no Haiti. A organização preza pela transparência – as pessoas sabem para onde vão suas doações. Receberam mais de 1,2 milhões de dólares em doações desde o ano passado.

Catherine Mahugu, 27

Fundadora, Soko

A Soko conecta cerca de 1000 artesãos subsaarianos que trabalham joalheria com o mundo, gerando sustentabilidade para quem faz. Dois meses depois do início da rede, a renda de artesãs e artesãos quadruplicou. A marca vende os produtos online – e lá é possível conhecer cada artesã e artesão que cria as peças – também em lojas como Nordstrom e Anthropologie.

Nedgine Paul, 29

Co-fundadora, Anseye Pou Ayiti

43% da população do Haiti está abaixo dos 15 anos. Por isso ela criou a Anseye Pou Ayiti, empresa que trabalha para elevar os resultados da educação em áreas desfavorecidas do país, recrutando e formando professores locais para as escolas que já existem.

ESPORTES

Mo’ne Davis, 14

Jogadora de beisebol, Little League

Uma das duas meninas a jogar na Little League World Series em 2014 e é a primeiro em muitas coisas: a primeira menina a vencer e lançar um shutout na história da Little League World Series, a primeira menina afro-americana a jogar na Little League World Series, a primeira jogadora da liga a aparecer na capa da Sports Illustrated.

JUSTIÇA

Habem Girma, 27

Procuradora, Defensoria do direito dos deficientes

Primeira advogada surda e cega formada em Harvard. Foi homenageado na Casa Branca 25º aniversário da ADA, organização que trabalha pelos direitos dos deficientes. Ajudou a conseguir uma vitória legal na Federação Nacional dos Cegos. Ela é uma advogada da equipe dos Defensores dos Direitos dos Deficientes. Possui formação complementar na Universidade Lewis and Clark também.

MANUFATURA E INDÚSTRIA

Jewel Burks, 26

Co-fundadora, Partpic

Criada em um família de empreendedores, Burks começou sua carreira na Google. Depois do diagnóstico de câncer de mama de sua avó, voltou para Atlanta. Lá trabalhou na McMaster-Carr, grande ditribuidora de peças industriais nos EUA, mas era tudo diferente do que ela estava acostumada e ela pensou em otimizar esse meio. Assim a PartPic nasceu. Ela co-fundou a empresa com Jason Crain, outro ex-Google. A dupla já levantou 1,5 milhões de dólares até agora, mas a maior experiência foi encontrar o Presidente Obama o primeiro Demo Day promovido pela Casa Branca.

Nailah Ellis-Brown, 28

Fundadora, Ellis Island Tropical Tea

Há seis anos ela morava no porão da casa da mãe e vendia uma antiga receita e chá criada por sua família jamaicana usando o porta-malas de seu carro. Um investidor secreto injetou 150.000 usados na criação de uma fábrica de engarrafamento – e as garrafas são fofas demais! – em Detroit. Agora ela vende seu chá tradicional para grandes lojas nos EUA.

MÍDIA

Morgan DeBaun, 25
Co-fundadora, Blavity

Que espaço incrível o Blavity! O negócio começou considerando que jovens negras e negros são mais de 40% da geração Y e não veem suas histórias contadas na mídia mainstream. Blavity é uma plataforma focada nesse público. Fundado em 2014, já possui extensões voltadas para olifestyle.

Zim Ugochukwu, 27

Fundadora, Travel Noire

Adora viajar?! Então corre agora pra conhecer o Travel Noire, morrer de amores com as fotos e planejar o próximo “rolê” pelo mundo. Ela começou o negócio em 2013, depois de lutar para encontrar imagens de jovens negros viajantes como ela mesma no Instagram. Cada vez mais famoso na mídia social, o Travel já reúne mais de 180.000 seguidores do Instagram, ferramentas e dicas para tornar a viagem mais fácil e um programa semanal sobre o tema, Travel Noire TV. Ela está na vanguarda do que está chama de “movimento viajante negro”.

Heben Nigatu, 24

Editora sênior, BuzzFeed

BuzzFeed é tendência no Brasil e no mundo (e há alguns dias atrás o nosso Matias apareceu na versão brazuca do site, hein?!). Heben é uma das apresentaoras do Another Round, famoso podcast. O show, que milhares de ouvintes, já exibiu convidados super famosos, tipo Hillary Clinton.

Doreen St. Félix, 23

Editora convidada, Lenny Letter

Parte da equipe da recente Lenny Letter, que atingiu 400.000 assinantes. Também escreve para The New Yorker, The New York Times, n+1, Pitchfork, Wags Revue e outros e foi consultora no piloto Código de Conduta, de Steve McQueen, no canal HBO.

Anjelica Nwandu, 25

Fundadora, The Shade Room

Revolucionou o munda das fofocas sobre celebridades com o The Shade Room, apelidao pelo New York Times como “o TMZ do Instagram.” Atualmente possui 2,5 milhões de seguidores.

Kimberly Foster, 26

Fundadora, For Harriet

Assim que vi o For Harriet na lista mandei essa mensagem: “Meninas, só quero agradecer. Vocês fizeram! Estou orgulhosa por ver o que está acontecendo com as mulheres negras em todo o mundo … Incrível!”. Se você ainda não leu nenhum texto delas, vai lá. Kimberly começou essa comunidade online para mulheres negras quando ainda era estudante em Harvard. Ela é fundadora e editora-chefe, vive pela rede procurando mulheres negras que possam fazer parte do time.

MÚSICA

Kehlani, 20

Musicista

Outra dica boa dessa lista. Se você ainda não colocou essa moça pra tocar na sua vida, segue aqui no SoundCloud. Vale a pena. Foi uma das finalistas do  America’s Got Talent em 2011. Quatro anos depois assinou um contrato com a Atlantic Records e hoje já gravou com vários nomes da cena atual do Rap e RnB.

VAREJO E E-COMMERCE

Kelechi Anyadiegwu, 26

Fundadora, Zuvaa

A empresária nigeriana-americana ficou frustrada ao não encontrar roupas e acessórios de inspiração africana na moda que ela podia acessar. Criou um espaço de e-commerce para que criadores da diáspora que fazem moda a partir de África possam mostrar e vender seus trabalhos. Gente! Por favor! Cada roupa maravilhosa… Conheçam.

Candace Mitchell, 28

Co-fundadora, Techturized, Inc.

Com a co-fundadora Chanel Martin, também mulher negra  e engenheira graduada na Georgia Tech, ela está usando a tecnologia para revolucionar o mercado afro-americano de cuidados com o cabelo que movimenta 3 bilhões de dólares. Criou Myvana, aplicativo móvel de inteligência em cuidados com o cabelo de mulheres negras que conecta consumidoras e cabeleireiros especialistas, além de formar uma comunidade onde é possível compartilhar fotos e dicas.

Christine Souffrant, 26

Fundadora, Vendedy

Ela já recebeu o famoso prêmio Millennium Scholarship concedido pela Fundação Gates. Essa haitiana está trabalhando para digitalizar a economia do mercado rua e conta com a parceria de empresas como Micrisoft e IBM. Apenas.

Que essa pequena amostra de mulheres capazes impulsione várias. Aproveito e mando um beijo especial paras as empreendedoras que fazem parte ou já passaram pelo Coletivo Meninas Black Power, possibilitando tanto através de seus incentivos e recursos.

 

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