Corpo de Luiz Melodia é enterrado no cemitério do Catumbi

FONTEDo O Globo
Jane Reis, viúva de Luiz Melodia, segura um quadro com o rosto do cantor, durante o velório na quadra da Estácio de Sá - Marcelo Theobald / O Globo

O corpo do cantor e compositor Luiz Melodia foi enterrado na manhã deste sábado, no cemitério do Catumbi, no Centro do Rio. Durante toda a madrugada fãs e personalidades estiveram na quadra da escola de samba Estácio de Sá, onde Melodia foi velado. O músico morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 66 anos, em decorrência de um câncer na medula óssea.

Por volta das 10h15 o corpo chegou com um cortejo, vindo da quadra da Estácio, com músicos cantando algumas das principais canções de Melodia. No momento em que a sepultura estava sendo fechada, Jane Reis, mulher do cantor, disse, muito emocionada: “Vai em paz, meu amor”. Logo depois, uma mulher gritou: “Viva a resistência negra desse país. Viva a cultura da favela”, sendo aplaudida por todos. O corpo foi enterrado às 10h40.

Na saída, os amigos seguiram cantando músicas do cantor e sambas clássicos, como “Maracangalha”, de Dorival Caymmi. Muitos representantes da Velha Guarda do Estácio acompanharam o cortejo. Bandeiras da escola de samba Estácio de Sá e do Vasco cobriam o caixão.

— Meu pai foi um ser humano inteligente, sábio, amoroso, que deixou um legado humano e artístico fundamental. — disse Mahal Reis, rapper e filho de Melodia. — O que ele diexou pra mim como filho foi a nobreza do ser humano e me ensinou a ser soldiário. Ele foi em paz. Estava com um semblante de paz no caixão. O espírito dele vai descansar.

Vania Fernandes, irmã caçula de Luiz Melodia, falou sobre a perda:

— Luiz era meu irmão e meu amigo. Eu era a caçula de cinco filhos e ele cuidou de mim como um pai. Sempre me ajudou muito, me levava em suas viagens. O que ele plantou nos nossos corações vai ficar para a vida inteira.

— Estou com o coração apertadinho. O Luiz vai fazer muita falta não só como poeta, mas como amigo. — disse Zezé Motta, presente no enterro. — Agradeço o privilégio de ter convivido com ele durante os últimos 40 anos. Nos conhecemos em 1978, quando eu gravei o meu primeiro LP,” Dores de amores.

Regina Casé lembrou um programa que gravou com Melodia no Morro do São Carlos, onde o músico nasceu e passou a infância.

— Lembro de um “Central da Periferia” que a gente fez, exatamente no Morro do São Carlos com o Meloda mostrando para todo mundo onde compôs cada música e aquilo me deu uma felicidade enorme de poder falar, poxa, se eu pude contribuir com uma migalhinha para esse legado gigantesco — disse Regina — Eu acho ele um artista enorme. Um compositor, um cantor também, uma voz incrível. Além do que de uma elegância suprema.

No começo de junho, ele havia recebido alta do hospital Quinta D’Or após 3 meses internado. Animado, o cantor planejava voltar aos palcos e estúdios até o fim do ano, mas o câncer voltou e seu estado de saúde se agravou bastante nesta quinta-feira.

 

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