A quantidade de seguranças particulares legalmente registrados e informais já é maior que as forças policiais. De um lado, temos a ainda deficiente formação dos responsáveis pelo monopólio da violência no Estado, causando sofrimento a quem deveriam proteger, do outro o preconceito e a truculência daqueles que começam a trabalhar após terem treinamento insuficiente para entender o que significa a sua função. A meu ver, há seguranças que não passariam nos testes necessários para verificar se uma pessoa possui condições de ostentar uma arma em público. As empresas contratantes sempre dizem que são casos isolados, que o funcionário foi demitido. Isolados vamos ficando todos nós. Vamos refrescar a memória:
Franciely Marques foi acusada injustamente de ter roubado duas canetas mesmo após ter mostrado o comprovante de pagamento por ambas em uma loja da rede Sendas no subúrbio do Rio de Janeiro. Agora, a Justiça condenou a empresa a pagar R$ 7 mil à consumidora. O relator do caso, desembargador Sidney Hartung, diz que a Franciely foi “covarde e humilhantemente acusada de um crime, sem a mínima evidência, causando-lhe abalos de ordem moral”. Em tempo: o mercado também vai ter que devolver as duas canetas ou os R$ 10,98 que elas custaram.
Enfim, em breve teremos que ter cuidado ao entrar na seção de bolachas de um supermercado ou mesmo em uma agência bancária para pagar uma conta. O conceito de “lugar perigoso” mudou radicalmente e os preços e tarifas altas não são mais a única forma de se agredir um consumidor.