A estética e a política do movimento são tema de curso online
Por Solon Neto publicado em Alma Preta
Texto e imagens / Solon Neto
A discussão acerca dos limites que definem a chamada “Geração Tombamento” é recorrente em ambientes de militância do movimento negro. Esse debate costuma levantar problemas relacionados com a sociedade de consumo e o processo de empoderamento. Próxima da estética apresentada pelo Afro-Futurismo, movimento artístico que imagina um mundo pós racial, a geração tombamento é marcada pela inovação, a arte, a dança e a música. As inscrições podem ser feitas aqui.
Por um lado, se pensa que os acessórios, tranças, roupas e maquiagens de cores vibrantes, além da atitude confiante, são sinais de uma adesão à sociedade de consumo, uma espécie de empoderamento às avessas que relativizaria demais os aspectos de classe.
Por outro, apontam a incompreensão desse processo como benefício estético e político, de auto aceitação e superação de estereótipos. Um passo que não ignora as contradições do capitalismo e flerta com suas estratégias de consumo para a construção de uma identidade independente e questionadora.
Para Jaqueline Conceição, coordenadora do Coletivo Di Jejê, os motivos para a escolha dessa temática para um curso são evidentes. Para ela, a escolha se justifica pois: “Os processos de articulação entre juventude e cultura, evidenciando a dimensão política da estética são uma prática juvenil, e não é diferente para a juventude negra”.
A coordenadora do projeto acredita que a discussão é uma forma de incentivar a reflexão não só sobre o tema, mas também sobre o desenvolvimento do pensamento dessa nova geração, que em parte é representada pela estética do “tombamento” e precisa reconhecer sua diversidade. “Precisamos pensar os processos de organização, articulação e resistência que a juventude negra vem desenvolvendo na atualidade. Esse é um curso sobre a juventude negra, sobre uma parte da juventude negra, porque nossa juventude é diversa, e diversidade é uma característica dos africanos, seja no continente seja na diáspora”.
Curso online sobre Geração Tombamento
Desenvolvido para a plataforma de ensino Moodle, o curso “Geração Tombamento” se dará em ambiente virtual de aprendizagem, possibilitando que as participantes acessem o conteúdo dentro de sua disponibilidade e rotina.
Renata Prado (foto abaixo), pedagoga, produtora cultural, pesquisadora e ativista do movimento negro, será a tutora do curso. Considerada uma das precursoras do movimento estético em São Paulo, é organizadora da festa Batekoo, um dos espaços já icônicos de manifestação da geração tombamento na capital paulista e outras cidades brasileiras.
O curso ministrado por Renata discutirá o surgimento do conceito de Geração Tombamento, assim como pressupostos teóricos e pesquisas do tema com o objetivo de desmistificar e informar sobre o assunto.
“Qualquer discussão que se proponha a desconstruir paradigmas e superar estigmas é um avanço contra a opressão e exploração. Há uma leitura muito rasa e de senso comum sobre o que se denomina senso comum”, afirmou a coordenadora Jaqueline Conceição.
Os cursos do Coletivo Di Jejê são ministrados por mulheres negras e para mulheres negras. Segundo a coordenadora, devido às necessidade e diferenças trazidas pelo Feminismo Negro. Para ela, “o maior desafio para o Feminismo Negro é ampliar e consolidar seu campo de estudo. Muitas militantes feministas fazem piada com o termo Geração Tombamento, ridicularizando essa expressão juvenil, e isso ao meu ver, precisa ser revisto, afinal feminismo negro para quem, somente para as negras acadêmicas?”.
SERVIÇO:
Curso online: “Geração Tombamento” – Coletivo Di jejê
Ficha de Inscrição: https://goo.gl/z1bKrZ
Data do curso: Entre 28 de Fevereiro e 30 de Março de 2017
Local: online
Investimento: R$60,00