Denúncias de feminicídio crescem 35% em março no estado de SP

Em março deste ano, foram 57 denúncias contra 42 no mesmo período de 2021.

FONTEPor Thaiza Pauluze e Léo Arcoverde, do G1
GETTY IMAGES

As denúncias de casos de feminicídio recebidas pelo Disque Denúncia de São Paulo cresceram 35% em março deste ano, comparando com o mesmo período do ano passado. Em 2022, foram 57 denúncias contra 42 em março de 2021.

No primeiro trimestre de 2022, foram 140 relatos de feminicídio no estado – mais de um por dia.

O feminicídio é o homicídio baseado no gênero, como por exemplo o assassinato de mulheres em violência doméstica.

Segundo Mario Vendrell, do Instituto São Paulo Contra a Violência, responsável pelo Disque Denúncia em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), pelos canais do Disque Denúncia são recebidas, em geral, queixas sobre feminicídios consumados onde o denunciante informa sobre o paradeiro do suspeito de crime.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a polícia registrou nos primeiros dois meses deste ano 23 casos de feminicídio em São Paulo.

Como denunciar

Para denunciar esse tipo de crime anonimamente, existem dois canais oficiais no estado: o WebDenúncia e o telefone 181, chamado de Disque Denúncia. Eles são uma parceria entre a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo com o Instituto São Paulo Contra a Violência (ISPCV).

Não é necessário se identificar para fazer a denúncia e o sigilo das informações e da identidade do denunciante é preservado durante todo o processo, tanto na queixa pelo telefone como pela internet.

Os relatos então são encaminhados para a polícia, que abre uma investigação para apurar o crime.

Pelo site, é possível que o denunciante acompanhe o andamento dado ao seu relato.

As denúncias de feminicídio são registradas fevereiro de 2021, quando uma atualização da plataforma permitiu que o Disque Denúncia/Web Denúncia aumentasse a possibilidade de registrar mais tipos de crimes, de 8 para 30 — de pichação e furto de água a roubo de carga, tráfico e estupro, por exemplo.

Procurada, a SSP não respondeu sobre o aumento de denúncias de feminicídio por esses canais.

Vítimas

Na última sexta-feira (15) dois casos de violência contra a mulher chamaram a atenção, uma tentativa e um feminicídio.

Em um deles, um ex-marido jogou o carro contra o veículo em que uma mulher, de 35 anos, estava com as três filhas e o atual namorado dela, na zona Leste da capital.

Depois, ele desceu do carro e usou uma barra de ferro para agredi-la. Em seguida, fugiu do local. Uma das filhas da vítima, de 8 anos, também ficou ferida na colisão.

Uma testemunha disse que a empresária voltava de uma Delegacia de Defesa da Mulher, onde foi registrar boletim de ocorrência contra o ex-marido, quando sofreu o ataque.

De acordo com a SSP, o atual companheiro da vítima informou que o suspeito tem ameaçado a mulher após o término do relacionamento. Ela, inclusive, estava solicitando medida protetiva.

O caso foi registrado como violência doméstica, lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e tentativa de feminicídio.

No mesmo dia, outra mulher, de 29 anos, foi morta a facadas em Osasco, na Grande São Paulo, pelo namorado.

Segundo familiares, Nilmara Rodrigues Souza estava grávida dele, de dois meses, e foi assassinada na própria casa.

De acordo com relatos de amigos e vizinhos, o namorado, Thiago Barros, a agredia constantemente. Nilmara morava com dois filhos e um irmão.

Após o crime, Thiago fugiu para uma clínica de reabilitação, mas foi encontrado após uma denúncia anônima. Ele não reagiu à prisão e confessou o assassinato. Para a polícia, disse que cometeu o crime após uma discussão por ciúmes.

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