Desemprego bate recorde em 20 estados brasileiros em 2020, diz IBGE

FONTEPor Daniel Silveira, G1
Foto registrada em 25 de março de 2020 mostra mulher caminhando no centro de Madureira, na Zona Norte do Rio, com comércio fechado — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Os impactos negativos da pandemia do coronavírus sobre o mercado de trabalho levaram 20 estados brasileiros a registrarem recorde da taxa média de desemprego em 2020. É o que apontam os dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os resultados regionais acompanharam a média nacional. Conforme divulgado pelo IBGE na última semana de fevereiro, a taxa média anual de desemprego do país em 2020 foi de 13,5%, a maior de toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

As maiores taxas foram registradas em estados do Nordeste e as menores, no Sul. Somente em sete estados a taxa de desemprego média do ano não bateu recorde. São eles: Pará, Amapá, Tocantins, Piauí, Pernambuco, Espírito Santo, e Santa Catarina.

Dentre os 20 estados que registraram recorde, 12 tiveram taxa superior à média nacional. Os estados nos quais a taxa foi menor que a média do país são: Rondônia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

A pesquisa mostrou, também, que:

Em 15 estados, mais da metade da população estava desempregada;
RJ foi o único estado fora do Norte e Nordeste com menos da metade da população ocupada;
Queda disseminada da informalidade pelo país puxou alta do desemprego;
No 4º trimestre, desemprego caiu em apenas cinco estados;
Desemprego foi maior entre mulheres, jovens, pretos e pardos;
Bahia tinha o maior número de desalentados do país;
Piauí teve a maior taxa de trabalhadores subutilizados; Santa Catarina, a menor;
Amapá tinha a maior proporção de trabalhadores por conta própria; DF, a menor;
Maranhão tinha o menor percentual de carteira assinada; Santa Catarina, o maior;
Rendimento médio caiu no Sudeste e Nordeste no 4º trimestre.

Menos da metade da população ocupada

Em 15 estados, a maioria do Norte e Nordeste, o nível de ocupação ficou abaixo de 50% em 2020. Isso significa que menos da metade da população em idade de trabalhar nestes estados estava ocupada no ano. Na média nacional, foi a primeira vez que isso aconteceu.

O nível de ocupação mais baixo foi registrado em Alagoas. O Rio de Janeiro foi o único estado fora do Norte e Nordeste onde o nível de ocupação ficou abaixo de 50%.

De acordo com o IBGE, a população ocupada em todo país foi reduzida em cerca de 7,3 milhões de pessoas na comparação com 2019. São Paulo foi o estado com o maior contingente de trabalhadores perdidos – quase 2 milhões (1.994 milhão) em um ano. Em seguida, vem Minas Gerais, com 820 mil a menos, e Bahia, com redução de 626 mil ocupados no período.

Queda da informalidade reduziu a ocupação no país

O IBGE destacou que a crise no mercado de trabalho afetou, inclusive, o trabalho informal no país, considerado a porta de mais fácil acesso à ocupação. E foi a queda do número de trabalhadores informais a principal responsável pelos recordes da taxa de desemprego e baixo nível de ocupação.

“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano”, explicou Adriana Beringuy.

São considerados trabalhadores informais, segundo o IBGE, aqueles ocupados sem carteira, os trabalhadores domésticos sem carteira, os empregadores sem CNPJ, os que trabalham por conta própria sem CNPJ e os trabalhador familiar auxiliar.

O levantamento mostrou que a taxa média de informalidade do país caiu 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020.

Entre os estados, 19 superaram a média nacional – variou de 39,1%, em Goiás, até 59,6% no Pará. Em sete desses estados, a taxa ultrapassou 50%.

Apenas São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%) tiveram taxas de informalidade abaixo de 30%.

O levantamento mostrou que a taxa média de informalidade do país caiu 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020.

Entre os estados, 19 superaram a média nacional – variou de 39,1%, em Goiás, até 59,6% no Pará. Em sete desses estados, a taxa ultrapassou 50%.

Apenas São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%) tiveram taxas de informalidade abaixo de 30%.

Na média nacional, a taxa de desemprego caiu de 14,6% para 13,9% na passagem do terceiro para o quarto trimestre. Entre os estados, no entanto, essa redução foi observada em apenas cinco: Minas Gerias, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão e Roraima.

“Em alguns outros estados, embora tenha havido uma tendência de redução da taxa, ela não foi significativa estatisticamente. A realidade da grande maioria dos estados brasileiros é de taxas bem maiores do que era um ano atrás”, afirmou a analista da pesquisa Adriana Beringuy.

Desemprego maior entre mulheres, jovens e pretos e pardos

No último trimestre de 2020, o desemprego atingia mais as mulheres, os jovens e os pretos e pardos, segundo o IBGE.

A taxa de desemprego entre os homens foi de 11,9%, enquanto entre as mulheres ela chegou a 16,4% – uma diferença de 4,5 pontos percentuais (p.p.) – e ficou acima da média nacional.

Entre as pessoas autodeclaradas pretas, a taxa foi de 17,2%, enquanto a dos pardos foi de 15,8%, ambas acima da média nacional. Já entre os brancos a taxa foi de 11,5%.

Ao analisar a população desempregada por faixa etária, o IBGE identificou que a taxa foi maior entre os mais jovens. Para o grupo de 14 a 17 anos de idade, ela foi de 42,7%, para o de 18 a 24 anos, de 29,8%, e para o de 25 a 39 anos, de 13,9%.

O desemprego também foi maior entre as pessoas com ensino médio incompleto, cuja taxa de desemprego foi de 23,7%, superior à dos demais níveis de instrução. Entre pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi estimada em 16,9%, mais que o dobro da verificada entre aqueles com nível superior completo, de 6,9%.

Rendimento médio cai no Sudeste e Nordeste

Ainda de acordo com a pesquisa, na passagem do 3º para o 4º trimestre foi observada queda do rendimento médio real dos trabalhadores nas Regiões Sudeste e Nordeste de, respectivamente, 5,3% e 3,7%. Nas demais regiões, o indicador ficou estável.

Na média nacional, a redução foi de 4,2% no período, passando de R$ 2.616 para R$ 2.507. No Sudeste e Nordeste o rendimento médio no 4º trimestre foi, respectivamente, de R$ 2.903 e R$ 1.683.

Já a massa de rendimento médio real de todos os trabalhos foi estimada em R$ 210,7 bilhões, ficando estável em relação ao 3º trimestre, quando foi estimada em R$ 210,3 bilhões.

Desalento maior na Bahia

Conforme divulgado anteriormente pelo IBGE, o país encerrou o 4° trimestre de 2020 com cerca de 5,8 milhões de pessoas desalentadas, que são aquelas que desistiram de procurar emprego, embora tivessem condições de assumir um trabalho caso surgisse uma oportunidade. O maior número de pessoas nesta condição estava na Bahia – 813 mil desalentados, o que corresponde a 14% de todo o contingente em desalento no país.

Na média nacional, o percentual de desalentados em relação à força de trabalho foi de 5,5%. No Maranhão e Alagoas, essa proporção mais que triplicava – 20,7% e 18,4%, respectivamente. Já os menores percentuais foram registrados por Mato Grosso (1,4%), Santa Catarina e Distrito Federal (ambos com 1,5%).

Menos carteira assinada no MA, e mais conta própria no AP

Ao analisar regionalmente a condição da ocupação, o IBGE identificou que, no 4º trimestre, as Regiões Nordeste (59,6%) e Norte (58,2%) apresentaram as menores taxas de carteira de trabalho assinada – na média nacional, essa taxa foi de 75%.

Entre os estados, o Maranhão foi o que registrou a menor taxa, de 48,5%, seguido pelo Pará (51,4%) e Piauí (52,0%). Já os maiores percentuais de carteira assinada foram observados em Santa Catarina (87,9%), Paraná (85,3%) e Rio Grande do Sul (83,9%).

Já os trabalhadores por conta própria em todo o país representavam 27% do total de ocupados. Os maiores percentuais de pessoas nesta condição de ocupação foram registrados nas regiões Norte (32,3%) e Nordeste (31,0%).

Entre os estados, o Amapá foi o que apresentou o maior percentual de conta própria (36,7%) seguido por Maranhão (34,3%) e Amazonas (34,2%).

Os menores percentuais de conta própria estavam no Distrito Federal (20,0%), São Paulo (23,2%), Alagoas (23,8%) e Mato Grosso do Sul (23,9%), sendo que os dois últimos foram os únicas com percentual abaixo de 25%.

 

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