Desigualdade social é uma das marcas de São Paulo, aponta estudo

Um levantamento da Rede Nossa São Paulo traduz as diferenças sociais entre os distritos da maior cidade do Brasil, que completou 469 anos nesta semana.

FONTEG1, Fantástico
Foto: picture-alliance/dpa

São Paulo completou 469 anos nesta semana. Uma das marcas da realidade paulistana é a desigualdade social. Um novo estudo apontou que a mesma cidade que abriga índices dos países mais ricos também tem índices dos países mais pobres. Um levantamento da Rede Nossa São Paulo traduz as diferenças sociais entre os distritos da maior cidade do Brasil em números.

Em Cidade Tiradentes, extremo da Zona Leste de São Paulo, por exemplo, a gravidez na adolescência é comum. Lá, 13% dos partos são de mulheres com menos de 20 anos. Índice que chega a praticamente zero no bairro de Moema.

No Grajaú, outro distrito com índices baixos no mapa da desigualdade, existem cinco ofertas de trabalho para cada 100 pessoas, aponta o estudo. Bem diferente do Jardim Paulista, onde existem 125 ofertas de trabalho para cada 100 pessoas.

Morador do Grajaú, Lucas trabalha como entregador de aplicativo no Jardim Paulista.

“É surreal você ver a pessoa poder gastar R$ 1 mil em um pedido e você, às vezes, não tem nem dinheiro para comer”, diz Lucas. “Tem casa aqui que tem um quarteirão. Lá onde eu moro, um quarteirão tem o quê? Umas 20 casas, 20 famílias”, conta.

No Jardim Paulista, onde o Lucas trabalha, a idade média ao morrer é de 80 anos. Já no Grajaú, onde ele mora, é de 60 anos.

“Nesses distritos onde a idade média morrer é mais baixa, a saúde tem uma qualidade pior, a educação é precária, habitação é precária, você não tem o saneamento com a mesma qualidade dos distritos mais centrais. O homicídio de jovens é muito alto. A mortalidade infantil é alta. A combinação, portanto, desses dados explicam uma precariedade geral da situação”, explica Jorge Abraão, coordenador-geral do Instituto Cidade Sustentável e da Rede Nossa São Paulo.

“A gente precisa ainda melhorar a qualidade de vida das pessoas. Pela primeira vez na história, o nosso PPA, que é o Programa Plurianual que dá todas as diretrizes de investimento da cidade e das ações da cidade, nós colocamos que os investimentos devem ser realizados de acordo com as regiões de maior vulnerabilidade. Os investimentos maiores serão nas áreas que mais precisam. Não é um plano, é lei”, diz Jorge Abraão.

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