Por: Edson Lopes Cardoso

O que fizeram os jovens negros para merecerem um castigo tão extremo – a pena de morte? A pergunta tem que ser formulada desta maneira, porque numa sociedade sem racismo os culpados são os assassinados e sua conduta delituosa.

 

Por que temos tanta dificuldade para reagir diante dessa desumanidade? Séries estatísticas divulgadas com regularidade impressionante pela mídia, com base em fontes as mais diversas, são a expressão de uma tendência social que não deixa margem a dúvidas. Como disse Nélson Rodrigues numa crônica famosa: “nós não gostamos de negros”. Demonstramos nossa verdade existencial mais profunda quando torturamos e matamos adolescentes criminalizados.

 

De outra forma, morre-se também nos baixos desvãos do poder. Após quase vinte anos de diálogo institucional, preferimos a adulação, a anulação do caráter, o oportunismo individualista. Preferimos o auto-elogio, as referências hipócritas ao “massacre de Sharpeville” em ritos e cerimônias cujo caráter institucional de terceira, de periferia do poder é indisfarçável.

 

Restam focos isolados de resistência, murmúrios na internet, a vergonha, a cabeça baixa.

 

Fonte: Írohin

Geledés Instituto da Mulher Negra

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