A Corregedoria da Polícia Militar investiga 18 suspeitos de envolvimento nos assassinatos ocorridos em Osasco e Barueri em 13 de agosto. Dezoito dos investigados são policiais militares, informou o SPTV neste sábado (22). Os ataques nos municípios da Grande São Paulo deixaram 18 mortos e seis feridos.
Do DCM
São investigados dois cabos, quatro sargentos e 12 soldados. Os policiais suspeitos moram em Osasco, Barueri, São Paulo e um em Sorocaba.
Duas vítimas que sobreviveram a um dos ataques foram ouvidas pela Corregedoria. No depoimento, elas disseram que viram um carro da PM acompanhando o veículo prata em que estavam os atiradores que agiram em Osasco. Segundo as testemunhas, os policiais estavam dando risadas dentro do carro.
As vítimas disseram ainda que um carro da corporação passou pelo local do ataque 20 minutos antes. Uma delas contou que ouviu falar que policiais voltaram para recolher cápsulas que caíram das armas depois dos disparos.
Segundo a Corregedoria, ficou demonstrado por meio de ocorrências que se trata de um grupo organizado com clara intenção de vingança, o que significa que pode se tratar de um grupo de extermínio que atua na região de Osasco.
Os dez ataques aconteceram depois da morte de um policial militar em Osasco e de um guarda metropolitano em Barueri. Durante a investigação, a Corregedoria ouviu 54 PMs que atuam nas regiões onde ocorreram as mortes.
A Corregedoria estranhou que sete policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) foram liberados do serviço às 23h em vez de irem para os locais onde a chacina tinha acabado de acontecer. Todos saíram e foram para o mesmo bar.
Declaração da OEA
Em uma declaração divulgada nesta sexta-feira (21), a Organização dos Estados Americanos (OEA) condena os assassinatos e “insta o Estado a que prossiga as investigações iniciadas, esclareça o ocorrido e identifique, processe e puna os responsáveis, bem como a que adote medidas para que esses fatos não se repitam”.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) reagiu à declaração e disse que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) cometeu “graves erros” ao citar o número de homicídios praticados por policiais. O governo alegou ainda que a falha mostra “desinformação” e “precipitação” por parte da OEA.
“Importante, porém, salientar os claros e graves erros do restante da nota da CIDH, tanto no tocante ao número de homicídios praticado por policiais, quanto no percentual de investigações e análises pela Justiça. Infelizmente, essa falha da CIDH mostra total desinformação derivada de precipitação, ao se basear somente em matérias jornalísticas e não em dados que poderia facilmente ter obtido junto aos Poderes Executivo e Judiciário”, disse o governo paulista em nota oficial enviada na manhã deste sábado (22).
Na declaração, a OEA usou dados sobre mortes em “massacres em São Paulo” e afirmou que os números indicam aumento em relação ao ano passado. A comissão também exigiu que o Brasil esclareça o ocorrido, identifique e puna os responsáveis pelos ataques em série.
Já em nota oficial, o governo também defendeu que a manifestação da CIDH é idêntica ao posicionamento imediato da SSP no sentido da investigação e esclarecimento dos ataques em série, e citou a criação de uma “força-tarefa” com policiais civis, peritos criminais e médicos legistas. A pasta também ressaltou que índice de homicídios é o aceitável pelas organizações internacionais, sendo 9,38 por 100 mil habitantes.
Questionado em coletiva de imprensa em São José do Rio Preto (SP) neste sábado sobre a declaração da OEA, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse apenas que todos os policiais estão empenhados na apuração, identificação e prisão dos criminosos, e não comentou a respeito da exigência. “As investigações estão adiantadas, mas não quero antecipar nada porque pode prejudicar o trabalho policial. Por isso, vamos deixar apenas a Secretaria de Segurança Pública do estado falar sobre o caso.”