Em discurso do centenário de Mandela, Obama é comparado a Madiba

FONTEDo Destak Jornal
Foto: AFP

Presidente sul-africano comparou os dois líderes, ambos vencedores do prêmio Nobel da Paz; Obama criticou políticas de Donald Trump sem citá-lo diretamente.

O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa comparou o ex-presidente americano Barack Obama ao líder Nelson Mandela, na ocasião do centenário de Madiba, que será celebrado nesta quarta-feira (18). Segundo Ramaphosa, ambos laureados pelo prêmio Nobel da Paz são dedicados a servir ao povo. A diferença, no entanto, recairia no fato de que Mandela era um dançarino melhor do que Obama.

Foi com este discurso que Ramaphosa chamou o ex-presidente dos EUA ao microfone. Em sua fala, para a 16ª Palestra Anual de Nelson Mandela, Obama criticou os posicionamentos de Donald Trump, seu sucessor, sem citá-lo diretamente, falando sobre os “políticos valentões”.

Segundo Obama, “aqueles no poder estão tentando minar as instituições que dão sentido à democracia”. Ele entou citou a Rússia ao dizer que “boa parte do mundo [está] ameaçando retornar para um modo mais perigoso, mais brutal de fazer as coisas”. A menção ocorre apenas um dia após o presidente russo Vladimir Putin se reunir com Trump, que considerou a reunião “melhor do que a cúpula da Otan”.

Obama ainda mencionou sua rejeição a políticas migratórias discriminatórias, um ponto polêmico da administração Trump, reclamando do preconceito baseado em raça e etnia. Ele ainda denunciou “a política do medo e do rancor” e atacou os políticos que “só mentem”. “Os políticos parecem rejeitar o conceito de verdade objetiva”, disse o ex-presidente para cerca de 10 mil pessoas no estádio Wanderers, em Joanesburgo.

O democrata mencionou um apanhado conquistas dos direitos políticos e civis que ocorrem nos últimos 100 anos, lembrando que nas economias mais frágeis instituições surgiram para “impedir os excessos do capitalismo” e então “ampliar sua capacidade de criar oportunidades para mais pessoas”. De acordo com Obama, a força dos movimentos civis nos EUA abriu espaço para quebrar as regras de segregação racial e gerar oportunidades para mulheres.

Segundo Obama, Mandela foi a personificação desta transformação humana ao conduzir os direitos civis. “Ele liderou este país pela negociação”, disse Obama, lembrando que Mandela “abraçou seus inimigos” e “lhes deu uma chance de construir um mundo melhor”.

Para finalizar, o americano aproveitou a oportunidade para parabenizar a seleção francesa por sua vitória na Copa do Mundo-2018 e a diversidade identitária dos Bleus.

“Todos esses caras não parecem, na minha opinião, gauleses. Eles são franceses”, disse ele aos aplausos, lamentando, no entanto, que “o mundo não tenha cumprido as promessas” de Madiba.

“A discriminação racial ainda existe na África do Sul e nos Estados Unidos e a pobreza explodiu”, denunciou.

Palestra anual

A cada ano a Fundação Mandela convida uma pessoa de prestígio para discursar no aniversário de “Madiba”.

Depois de passar 27 anos nas prisões do regime racista branco, Mandela tornou-se em 1994 o primeiro presidente eleito democraticamente na África do Sul, um cargo que ocupou até 1999.

Mandela e Obama se viram uma única vez, em 2005, em Washington, mas se admiravam mutuamente. O presidente americano esteve no funeral de Madiba, em 2013, no qual o descreveu como “um gigante da história que conduziu um povo para a justiça” e como “o último grande libertador do século 20”.

 

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