Eram 21h30 em ponto, horário marcado para o início da apresentação, quando as luzes se apagaram e uma gravação do Hino Nacional começou a rolar pelo HSBC Brasil, em São Paulo.
A música, tão solene para um show de rock, pegou de surpresa os fãs que lotavam a casa de shows. O espetáculo já ia começar? Assim, tão pontualmente?
Foi nesse clima de respeito ao público e ao país em que se estava se apresentando que a banda do guitarrista Slash subiu ao palco da capital paulista.
O cumprimento à platéia veio em português e foi feito pelo vocalista do grupo, Myles Kennedy.
– Boa noite, São Paulo. Vocês estão preparados para rock ‘n roll?
E era bom que todos estivessem, porque a banda daria uma aula sobre o tema dali para frente.
O show, que faz parte da turnê We’re All Gonna Die e divulga o primeiro álbum solo do famoso guitarrista, começou com o mesmo set list apresentado no Rio de Janeiro.
A música de abertura foi Ghost, sucesso de Slash neste seu novo álbum.
Na sequência vieram Mean Bone (da banda Slash’s Snakepit, que foi liderada por Slash antes de seu trabalho solo, mas que está fora de atividade) e Sucker Train Blues (do Velvet Revolver, grupo que está parado, mas que conta com o guitarrista entre seus integrantes).
Só por essas três primeiras músicas já foi possível notar em quantos trabalhos o astro da noite, cujo nome verdadeiro é Saul Hudson, colocou as mãos desde que saiu do Guns ‘n Roses.
E mesmo após tanto tempo de estrada, no palco Slash mostrou que ainda faz rock de verdade, com prazer ao tocar cada nota.
Sua banda, formada por integrantes cujos nomes não são clássicos do mundo da música, alimenta ainda mais esse frescor em cena.
Frescor de rock jovem, livre.
A produção para o espetáculo é pequena.
O palco conta apenas com um cenário onde se vê estampado a capa do CD de Slash.
A casa de shows – que é não é muito grande – ajuda a conferir ao espetáculo um ar ainda mais iniciante. Com paixão de começo de namoro. Empolgante para o público.
Clássicos do Guns ‘n Roses permearam toda a apresentação.
A quarta música do show foi logo Night Train, que levou o público ao delírio.
Rocket Queen e Civil War surgiram em seguida, para deleite dos fãs de Slash em seus velhos tempos.
Mas, sem dúvidas, o ponto alto da festa foi quando o guitarrista fez seu célebre solo do tema do filme O Poderoso Chefão (The Godfather Theme).
Logo nas primeiras notas a plateia se manifestou em uma onda de gritos e a impressão que se teve era de que aquele seria um momento histórico, privilégio para os fãs do astro.
Muitas críticas são feitas a Myles, o vocalista da banda de Slash. No entanto, há que se dizer que seu desempenho foi incrível na noite desta quinta-feira (7).
O cantor recebeu a difícil tarefa de cantar clássicos dos velhos tempos do Guns, imortalizados pela voz aguda e marcante de Axl, e fez bonito diante do público.
Não desapontou nem mesmo quando interpretou as canções Sweet Child ‘o Mine e Paradise City.
Aliás, as comparações desta apresentação de Slash e sua banda com o show que o novo Guns ‘n Roses, ainda liderado por Axl, fez no ano passado aqui no Brasil são inevitáveis.
A performance do Guns em São Paulo aconteceu no estádio Palestra Itália (SP), teve superprodução, público imenso… e foi fria. Montada.
Pois bem. Axl pode ter ficado com a voz, o velho nome da banda e o glamour dos grandes concertos.
A alma do Guns ‘n Roses só foi vista mesmo no show de Slash e seu novo grupo.
Confira o set list do show:
Ghost
Wean Bone
Sucker Train Blues
Night Train
Rocket Queen
Civil War
Starlight
Nothing to Say
Beautiful Dangerous
We’re All Gonna Die
Jizz da Pit
Just Like Anything
My Michelle
The Godfather Theme
Sweet Child of Mine
Slither
By the Sword
Mr. Brownstone
Paradise City