Embaixadora americana na ONU chega ao Brasil; guerra da Ucrânia deve ser abordada

Linda Thomas-Greenfield chega nesta terça-feira (2/05) a Brasília e deve tratar sobre agenda climática, segurança alimentar e a posição do Brasil no conflito entre a Ucrânia e a Rússia

FONTECorreio Braziliense, por Henrique Lessa
(crédito: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP)

A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, chega nesta terça-feira (2/5) ao Brasil. A diplomata fica no país até quinta-feira (4/5), e se encontra com representantes do governo brasileiro. Na pauta oficial está a discussão sobre a agenda climática e segurança alimentar, mas é esperado que um dos pontos centrais do diálogo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, seja a posição brasileira em relação a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A diplomata realizou nesta segunda-feira (1°/5), antes da viagem, uma entrevista coletiva virtual para jornalistas brasileiros o assunto mais questionado foram as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito da guerra. Greenfield afirmou que os norte-americanos ficaram “desapontados” com as declarações do líder brasileiro.

“Posso dizer que ficamos desapontados com os comentários iniciais que o presidente fez, e a razão para tal é que nós partilhamos fortes valores democráticos e o Brasil tem sido um parceiro constante na defesa desses valores nas Nações Unidas e do sistema multilateral. Sempre apoiando as questões de soberania, independência e integridade das fronteiras dos países”, disse a embaixadora.

A diplomata, que faz parte do gabinete do presidente americano, é a oficial mais graduada a visitar o Brasil desde a visita do chanceler russo, Sergey Lavorv, e se espera que os Estados Unidos insistam em cobrar uma sinalização brasileira de apoio às sanções contra a Rússia. “Continuamos trabalhando no Conselho (de Segurança da ONU) e esperamos engajar o Brasil nos valores comuns que partilhamos” disse Greenfield que completou, “o Brasil é membro do conselho de segurança, está no palco internacional e, assim como os Estados Unidos, tem um papel chave como parceiro internacional.”

Apesar do Brasil condenar a Rússia pela invasão, mantêm a posição de não aderir às sanções e vem criticando apoios com armamento para os países envolvidos no conflito. Para interlocutores do Itamaraty, a posição brasileira não deve se alterar apesar da pressão americana, mas acreditam que a retórica presidencial deve seguir o movimento das últimas semanas e continuar baixando o tom.

Justificando a escolha americana em fornecer apoio bélico para o estado europeu, a diplomata citou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e disse que “se a Rússia parar a guerra, a guerra termina, se a Ucrânia parar a guerra, a Ucrânia termina”, ponderou Greenfield.

Relações Brasil x EUA

Depois do presidente brasileiro afirmar que os Estados Unidos encorajam a manutenção da guerra e que a Ucrânia também é responsável pela paz, a Casa Branca subiu o tom na resposta do chefe de comunicação do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, que disse que o Brasil estava “papagueando” a propaganda russa e chinesa sobre o conflito. A declaração aconteceu no mesmo dia em que Lavrov era recebido por Lula.

Mas a relação entre os dois países segue firme e é de longo prazo, afirmou a diplomata, lembrando que em 2024 a “vibrante parceria” entre os países completa seu bicentenário. Quanto às divergências disse que, “há momentos em que amigos podem discordar uns dos outros, mas seguem otimistas em continuar conversando” e concluiu Greenfield, “o Brasil condena o ataque não provocado da Rússia à Ucrânia, temos que continuar engajados nisso.”

Conselho de Segurança

A pretensão brasileira de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU segue sem o apoio americano, que agora sinaliza com um compromisso de reforma do colegiado.

“Em setembro de 2022, o presidente Biden anunciou que os EUA apoiam uma reforma no Conselho de Segurança. Queremos continuar trabalhando essa questão com o Brasil e demais países para criar as condições de uma reforma viável do Conselho, mas sabemos que isso não será fácil”, apontou a embaixadora.

Fundo Amazônia

“Tanto os EUA quanto o Brasil concordam que as mudanças climáticas são uma das questões existenciais do nosso tempo”, apontou a embaixadora, que salientou a ampliação na promessa americana de investimento no Fundo Amazônia.

Outro item importante da visita são parcerias para o acolhimento de refugiados, a diplomata deve se encontrar com representantes de organizações que recebem refugiados venezuelanos no Brasil. Outra demanda americana é o possível pedido por maior envolvimento do Brasil em missões de paz da ONU.

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