Entidades elaboram carta contra perseguição às religiões de matriz africana em Florianópolis

"Coletivo Iemanjá" foi criado após atos de intolerância praticados contra religiões de matriz africana na Capital(Foto: Divulgação)

Documento será entregue ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) após imagem da divindade africana ter sido depredada no Ribeirão da Ilha

No DC

“Coletivo Iemanjá” foi criado após atos de intolerância praticados contra religiões de matriz africana na Capital(Foto: Divulgação/Reprodução DC)

O vídeo que mostra uma imagem de Iemanjá sendo depredada com uma marreta em Florianópolis motivou a elaboração de uma carta destinada ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) contra a perseguição às religiões de matriz africana.

O documento foi elaborado pelo “Coletivo Iemanjá”, composto por entidades representativas das religiões e pelo poder público. A carta será entregue nesta quarta-feira (2) na Câmara de Vereadores de Florianópolis em um ato denominado “Carta Iemanjá”.

Assim como a ideia da reivindicação, o Coletivo Iemanjá também foi criado após o recente episódio de intolerância religiosa no Ribeirão da Ilha, praticado contra a imagem da orixá feminino das religiões Candomblé e Umbanda.

Ele é formado por representantes da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Florianópolis, o Conselho Estadual das Populações Afrodescendentes de Santa Catarina, entidades representativas das religiões de Matrizes Africanas e o Instituto Liberdade.

“Essa carta é extremamente importante para que possamos lutar contra atos de intolerância religiosa. Todos nós temos o direito de ter a fé que escolhermos e não sermos julgados ou afetados por conta disso”, destaca o coordenador da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial Juninho Mamão.

Vídeo mostra mulher atingindo imagem de Iemanjá com marreta

O caso aconteceu no dia 19 de setembro, no bairro Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. O ato foi gravado por Francisco Leandro Reinaldo da Silva, que mora em frente à estátua. Ele teria ouvido um barulho e ido até a rua para saber o que estava acontecendo.

— Ela chegou a subir ali em cima [da estátua] e “tacar” a marreta — afirmou Francisco, que mora em Florianópolis há cerca de três meses e afirma nunca ter visto uma situação semelhante, nem na cidade, nem no Ceará, de onde saiu.

​Nas imagens, é possível ver uma mulher aparece batendo com uma marreta na imagem de Iemanjá. Pelo menos 20 golpes são dados na estátua. Após o ato de vandalismo, ela caminha até um carro branco, ainda com a marreta em mãos, entra, manobra o veículo e vai embora. Os golpes quebraram a base, as mãos e alguns ornamentos da estátua.

A estátua de Iemanjá foi colocada no local em 2013 pela Sociedade Ylê de Xangô, que mantém um centro de umbanda atrás da casa onde vive Francisco. No mesmo ano, a prefeitura e a Câmara de Vereadores reconheceram o espaço como um local público. Uma placa identifica o ponto como o Recanto de Iemanjá.

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