Talíria Petrone (PSOL), nona deputada federal mais votada do Rio, é vista como uma das sucessoras de Marielle Franco, executada em março. Em entrevista, fala dos desafios de seu campo político
Por FELIPE BETIM, do El Pais
Talíria Petrone (Niterói, 1985) acaba de ser eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro com 107.317 votos, a nona mais votada do Estado, e engrossará a bancada do PSOL na Câmara, que passou de cinco para dez parlamentares após as eleições brasileiras deste ano. Não são poucos os que enxergam em Petrone a imagem de Marielle Franco, vereadora executada em 14 de março deste ano. Nas eleições municipais de 2016, foi a vereadora mais votada de Niterói, município vizinho ao Rio, e representava junto a Marielle, também eleita naquele ano, a ascensão das mulheres negras e periféricas dentro do espaço político institucional. Ela agora se vê no papel de levar adiante as pautas de sua amiga e de manter sua memória viva. Mas pondera: “Não sou Marielle. Isso é importante dizer, não só porque eu tenho a minha trajetória, a minha história, mas porque ela foi assassinada e não está mais aqui”, explica em entrevista ao EL PAÍS. A conversa ocorreu ainda no início da campanha, sentada no chão de concreto de uma universidade, e por telefone depois de sua recente vitória.
Pergunta. Quem é Talíria Petrone?
Reposta. Sou militante dos direitos humanos, na área da educação popular, que para mim é o instrumento que escolhi como transformação da realidade. Sou professora de história, formada na UERJ, com muito orgulho. Filha de músico e professora. Venho da zona norte de Niterói, do bairro de Fonseca. Não fiz movimento estudantil, como muitas pessoas. O que me fez me organizar como militante foi minha vida como trabalhadora. Trabalhei como telemarketing e dando aula, antes de me formar. Com a história de vida de dureza, e com a universidade, era aquela jornada tripla com uma indignação que já vinha de muito tempo. Acabei me filiando ao PSOL em 2009, com 24 anos.