“A esquerda precisa voltar aos territórios. Não para levar uma verdade, mas para escutar”

A deputada federal eleita Talíria Petrone (PSOL). FACEBOOK

Talíria Petrone (PSOL), nona deputada federal mais votada do Rio, é vista como uma das sucessoras de Marielle Franco, executada em março. Em entrevista, fala dos desafios de seu campo político

Por FELIPE BETIM, do El Pais

A deputada federal eleita Talíria Petrone (PSOL). FACEBOOK

Talíria Petrone (Niterói, 1985) acaba de ser eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro com 107.317 votos, a nona mais votada do Estado, e engrossará a bancada do PSOL na Câmara, que passou de cinco para dez parlamentares após as eleições brasileiras deste ano. Não são poucos os que enxergam em Petrone a imagem de Marielle Franco, vereadora executada em 14 de março deste ano. Nas eleições municipais de 2016, foi a vereadora mais votada de Niterói, município vizinho ao Rio, e representava junto a Marielle, também eleita naquele ano, a ascensão das mulheres negras e periféricas dentro do espaço político institucional. Ela agora se vê no papel de levar adiante as pautas de sua amiga e de manter sua memória viva. Mas pondera: “Não sou Marielle. Isso é importante dizer, não só porque eu tenho a minha trajetória, a minha história, mas porque ela foi assassinada e não está mais aqui”, explica em entrevista ao EL PAÍS. A conversa ocorreu ainda no início da campanha, sentada no chão de concreto de uma universidade, e por telefone depois de sua recente vitória.

Pergunta. Quem é Talíria Petrone?

Reposta. Sou militante dos direitos humanos, na área da educação popular, que para mim é o instrumento que escolhi como transformação da realidade. Sou professora de história, formada na UERJ, com muito orgulho. Filha de músico e professora. Venho da zona norte de Niterói, do bairro de Fonseca. Não fiz movimento estudantil, como muitas pessoas. O que me fez me organizar como militante foi minha vida como trabalhadora. Trabalhei como telemarketing e dando aula, antes de me formar. Com a história de vida de dureza, e com a universidade, era aquela jornada tripla com uma indignação que já vinha de muito tempo. Acabei me filiando ao PSOL em 2009, com 24 anos.

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