Estagnação na América Latina leva desemprego de jovens ao maior nível em 20 anos

Fila em uma feira de emprego no Rio de Janeiro.MARIO TAMA

Organização Internacional do Trabalho acende sinal de alerta sobre o presente e o futuro de “milhões de jovens que não encontram oportunidades”. Um em cada cinco busca ocupação e não encontra

Por Ignazio Fariza, do El País

Fila em uma feira de emprego no Rio de Janeiro. (FOTO: MARIO TAMA)

A estagnação econômica da América Latina abala o mercado de trabalho e atinge com especial força o segmento mais jovem da população. O desemprego entre os menores de 25 anos —que é, junto com a informalidade, o grande cavalo de batalha dos países da região nos últimos anos— tornou-se “um traço estrutural das economias”, segundo o Panorama Trabalhista da América Latina e Caribe, publicado nesta terça-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT, órgão da ONU). São vários os sinais de alarme nesse flanco: a taxa de desocupação juvenil cresceu 0,3 ponto percentual em 2019, chegando a 19,8%, o triplo da média da população adulta (em outras palavras: 1 em cada 5 menores de 24 anos que procuram trabalho não encontra) e o máximo desde 2000, quando os dados agregados começaram a ser divulgados. Além disso, a maioria dos que estão contratados enfrenta condições precárias: informalidade, salários baixos em relação ao custo de vida, escassa estabilidade no emprego e quase nula oferta de programas de formação por parte dos empregadores.

“Fica claro, à luz das estatísticas deste ano, como é difícil ser jovem na América Latina e Caribe”, afirma a entidade. No ano recém-terminado, o aumento na desocupação juvenil arrastou consigo a taxa geral, enquanto no grupo de 25 anos ou mais se manteve estável. “Isto deve ser um sinal de alerta na medida em que ameaça o presente e o futuro de milhões de jovens que não encontram oportunidades de emprego e cujas aspirações de mobilidade social se veem truncadas […]. À luz da onda de protestos em diversas cidades da região, são necessárias ações imediatas e inclusivas”, salienta a OIT. “A crise de expectativas vislumbrada na região exige ações urgentes.” O emprego juvenil se contraiu em 11 países que representam quase 90% da força de trabalho ocupada na região —Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

Os grandes números ajudam a compreender a magnitude do problema: vivem na região 110 milhões de pessoas na faixa dos 15 aos 24 anos, uma cifra que triplicou desde a década de 1950. E esses jovens, apesar de terem recebido mais educação que as gerações anteriores —em boa medida porque nasceram e cresceram numa época marcada pelo crescimento econômico, enquanto durou o boom das matérias-primas—, enfrentam uma inserção no mercado caracterizada por “uma elevada precariedade”. Dos que trabalham, 6 em cada 10 atuam na informalidade e 22% nem estudam nem trabalham, “uma situação que é ainda mais crítica entre as mulheres”.

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