EUA devolvem ao Egito sarcófago de 2.700 anos contrabandeado do país

Devolução integra esforço do Cairo para recuperar peças históricas retiradas do país e vendidas no exterior

FONTEPor Cairo, Da Folha de São Paulo
Mostafa Waziri, chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, inspeciona no Cairo o sarcófago devolvido dos EUA para o país (Foto: AFP)

Como parte dos esforços do país para recuperar uma série de antiguidades roubadas, o Egito recebeu nesta segunda-feira (2) um dos maiores sarcófagos de madeira já descobertos na história. Contrabandeada, a peça estava nos Estados Unidos.

Segundo o chanceler egípcio, Sameh Shoukry, e o chefe do Conselho Supremo de Antiguidades, Mostafa Waziri, o sarcófago data do final do período faraônico, há cerca de 2.700 anos.

A peça, de 2,94 metros de comprimento e 90 centímetros de largura, com a parte superior pintada em verde, era exibida no Museu de Ciências Naturais de Houston, no estado americano do Texas.

Ao longo da última década, o Cairo conseguiu recuperar mais de 29 mil peças de antiguidade roubadas. O país também tem anunciado descobertas importantes recentemente, como a de 250 sarcófagos e 150 estátuas de bronze na necrópole de Saqqara.

Nos últimos dois anos, mais de 300 sarcófagos foram revelados, alguns dos itens com mais de 3.000 anos. A expectativa do governo é que as descobertas reativem o setor do turismo, afetado em especial na pandemia. O setor emprega ao menos 2 milhões de pessoas e responde por mais de 10% do PIB.

A entrega do sarcófago nesta segunda ocorreu mais de três meses depois de o escritório da promotoria de Manhattan apontar que o objeto fora saqueado de Abu Sir Necropolis, na parte norte do Cairo, e contrabandeado da Alemanha para os EUA em 2008, segundo a agência de notícias Associated Press.

“Esse deslumbrante sarcófago foi traficado por uma rede bem organizada, que saqueou inúmeras antiguidades da região”, disse o promotor Alvin L. Bragg na ocasião. “Estamos satisfeitos que o objeto tenha sido devolvido ao Egito, país ao qual pertence.”

Segundo Bragg, a mesma rede havia contrabandeado um caixão do Egito que estava exposto no museu Metropolitan, de Nova York. O Met comprou a peça de um negociador de arte de Paris, em 2017, por cerca de US$ 4 milhões (R$ 22 mi); ela foi devolvida em 2019.

Outros países da África, estes na porção subsaariana, observam movimentos semelhantes. Nos últimos anos, após longas tratativas diplomáticas, eles receberam de volta peças roubadas de seus territórios por colonizadores europeus. Em dezembro, por exemplo, a Alemanha devolveu à Nigéria mais de 20 objetos retirados do território do país à época da colonização britânica.

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