EUA: duas pessoas morrem baleadas em protestos contra agressão policial a Jacob Blake

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O tiroteio aconteceu durante a terceira noite consecutiva de protestos em Kenosha, no norte dos Estados Unidos, onde o homem negro James Blake foi baleado por um policial branco no domingo (23). REUTERS - BRENDAN MCDERMID

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram pessoas correndo pelas ruas de Kenosha quando tiros são ouvidos. Outros vídeos mostram um homem caído em uma calçada.

David Beth, xerife no condado de Kenosha, confirmou que três pessoas foram atingidas por tiros, segundo o jornal New York Times. Segundo ele, a polícia realiza uma investigação para determinar a autoria dos tiros.

O tiroteio aconteceu durante a terceira noite consecutiva de protestos em Kenosha. A cidade foi palco de mais violências contra a comunidade negra.

Homens brancos armados

Ao menos um pequeno grupo de homens brancos fortemente armados circulava pela cidade na noite de terça-feira. Eles afirmaram que pretendiam “protegar as propriedades”. A imprensa americana também indica que havia poucos policiais pelas ruas durante a manifestação.

O jornal New York Times informou que a polícia investiga se os tiroteios de terça-feira à noite foram motivados por “um conflito entre uma milícia que vigiava um posto de gasolina e manifestantes”.

Durante os protestos também foram registrados confrontos entre a polícia e os manifestantes. Participantes da mobilização lançaram fogos de artifício contra as forças de segurança, que responderam com balas de borracha.

Baleado sete vezes à queima-roupa

No domingo (23), o americano Jacob Blake, homem negro de 29 anos, foi baleado sete vezes à queima-roupa por um policial branco. Gravadas por várias pessoas que assistiam à cena, as imagens chocantes viralizaram nas redes sociais, gerando uma forte indignação.

Os vídeos mostram a vítima sendo perseguida por dois policiais. Ao entrar em seu carro, onde estavam seus três filhos, Blake é baleado sete vezes pelas costas. A ação policial recordou a morte de George Floyd em maio, que gerou um movimento de protesto mundial contra o racismo.

Após passar por uma cirurgia no hospital de Milwaukee, a cerca de 40 quilômetros de Kenosha, Blake segue internado. O advogado Benjamin Crump, que também representa a família de George Floyd, informou que “o diagnóstico médico é de que Blake está paralisado”.


Família faz apelo por paz

A família de Blake fez um apelo por paz na terça-feira, diante do aumento da revolta nos Estados Unidos. “De verdade, precisamos apenas de orações”, disse Julia Jackson, mãe da vítima.

“Enquanto caminhava por esta cidade, observei muitos estragos. Isto não reflete o meu filho, nem a minha família. Se Jacob soubesse o que está acontecendo, a violência e destruição, teria muito desgosto”, reiterou Jackson, em entrevista coletiva.

Em entrevista ao jornal Chicago Sun Times, o pai da vítima, que também de chama Jacob Blake, não escondeu sua indignação. “O que justifica esses tiros? O que justifica fazer isso na frente dos meus netos?”, questionou. “Ele está paralisado da cintura para baixo.”

As autoridades afirmaram que os dois policiais envolvidos na abordagem de Blake foram suspensos. Uma investigação foi iniciada após os distúrbios de domingo, quando vários veículos foram incendiados e os arredores de um tribunal foram destruídos em Kenosha. No entanto, a polícia da cidade rechaça as críticas e pede que se aguarde os resultados da investigação feita pelo Departamento de Justiça de Wisconsin.

Trump quer que Guarda Nacional reprima os protestos

O governador de Wisconsin, Tony Evers, pediu às pessoas que manifestem pacificamente. “Não podemos permitir que continue o ciclo de racismo e injustiça sistêmicos”, afirmou em um comunicado. “Tampouco podemos seguir por este caminho de danos e destruição”, completou.

Já o presidente americano, Donald Trump, encorajou o governador de Wisconsin a utilizar a Guarda Nacional para acabar com os protestos. “Ela [a Guarda Nacional] está preparada, decidida e mais que capaz. Resolva o problema rapidamente!”, escreveu no Twitter.

O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, considerou que o racismo representa “uma crise de saúde pública” e exigiu uma investigação aprofundada do ocorrido.

(Com informações da AFP)

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