Exposição de arte contemporânea denuncia ausência de corpos negros na sociedade

A exposição coletiva Os da minha rua: Poéticas de r/existência de artistas afrobrasileiros leva artistas negros artistas para ocupar o espaço museológico. Foto: Divulgação

A mostra que reúne trabalhos de dez artistas negros e negras entra em cartaz no Museu da Abolição

Do Diario de Pernambuco

A exposição coletiva Os da minha rua: Poéticas de r/existência de artistas afrobrasileiros leva artistas negros artistas para ocupar o espaço museológico. Foto: Divulgação

Os corpos negros carregam as marcas da história e foram invisibilizados ao longo dos anos pela sociedade. Ao se deparar com a ausência de negros e negras nas exposições, acervos, escolas, museus e na academia, a professora e pesquisadora Joana D’Arc Souza Lima teve a ideia de unir artistas para ocupar o espaço museológico. Foi assim que surgiu a exposição coletiva Os da minha rua: Poéticas de r/existência de artistas afrobrasileiros, com produção visual de dez artistas contemporâneos, em cartaz a partir desta sexta-feira (19), no Museu da Abolição.
“Durante as pesquisas me dei conta que não via as questões raciais na escrita sobre a arte brasileira. Era gritante a ausência do negro e da negra no campo da arte. Só fui me dar conta quando aprofundei os estudos e vi o quão importante que a questão fosse tematizada publicamente”, aponta. A mostra levanta questões da cultura africana e afro-brasileiras propõe reflexão para o preconceito velado que existe na sociedade. O projeto apresentado em várias linguagens artísticas reúne os trabalhos de Ana Lira (PE), Dalton Paula (GO), Edson Barrus (PE), Izidoro Cavalcanti (PE), José Barbosa (PE), Maré de Matos (MG/PE), Moisés Patrício (SP), Priscila Rezende (MG), Renata Felinto (SP/CE) e Rosana Paulino (SP).

Na sua arte, a pesquisadora Rosana Paulino lança olhar para a posição da mulher negra na sociedade e os diversos tipos de violência sofridos. Rosana vai ministrar minicurso, neste sábado, com tema Arte afrobrasileira: Novos lugares, novas falas. Já Renata Felinto apresenta a obra Embalando mateus ao som de um hardcore (2017), com frases ditas por mulheres que criam seus filhos sozinhas. O artista Dalton Paula expõe fotografias da série Cor da pele e corpo receptivo, que trazem o corpo negro como protagonista. Ainda com as imagens, Moisés Patrício expõe a série Aceita? e tenta quebrar o preconceito existente contra o candomblé.
A pernambucana Ana Lira vai realizar uma proposta de vivência performática com dinâmicas de ancestralidade e micropolítica. Ela apresenta o poema Saia livre dividido em seis carimbos, para debater a presença de grupos e expressões culturais de matriz africana na cultura.  Já a artista visual e poeta mineira Maré de Matos apresenta aquarelas, fotografias, poesia e uma instalação para retratar o rompimento da barragem Mariana, uma das maiores tragédias ambientais do Brasil, em Minas Gerais.

“A instalação discute aspectos da exploração de minério, a emoção das pessoas atingidas pela tragédia e a paisagem corroída. Também falo sobre ser mineiro, ser de minas e trabalhar em uma mina. E como a memória se confunde com a exploração predatória”, conta. Durante o período em cartaz, estão programadas ocupações de outros grupos, performances e instalações. A exposição fica em cartaz até o final de novembro.

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