Expulso da piscina de condomínio, estudante africano denuncia caso de racismo na Grande Belém

Gildas Dassigli tomava banho na companhia de uma amiga quando um vigilante pediu que ele saísse da piscina. Caso foi registrado na seccional de Marituba.

FONTEPor Marcus Passos, do g1
Área de lazer do condomínio Algodoal, no bairro do Parque Verde, em Marituba. (Foto: Reprodução)

Um estudante universitário estrangeiro denuncia ter sido vítima de racismo em uma área de lazer dentro de um condomínio em Marituba, na Região Metropolitana de Belém. O caso aconteceu nesta última quinta-feira (5), quando a vítima comemorava aniversário.

Gildas Dassigli estuda engenharia mecânica na Universidade Federal do Pará. O estudante, que veio do Benin, país na África Ocidental, mora no condomínio Algodoal, no bairro do Parque Verde, em Marituba.

Ao descer com alguns amigos para a área de lazer, resolveu tomar banho de piscina junto com uma amiga. Outras pessoas também tomavam banho no local. De repente, um vigilante se aproxima e manda ele se retirar.

“O vigilante, de forma constrangedora e discriminatória, repreendeu Gildas e o convidou a se retirar da piscina”, diz um trecho do boletim de ocorrência. A justificativa para Gildas sair era porque ele usava uma camisa de algodão, proibida para o banho.

“Foi a primeira vez que tomei banho nessa piscina, porque era meu aniversário de 26 anos. Algumas outras pessoas também estavam usando camisa de algodão, igual a que eu usei. Mas apenas comigo que pediram para eu sair”, afirma Gildas.

O estudante universitário conta que perguntou para o vigilante por que ele não falou isso para as outras pessoas que estavam na piscina com camisa de tecido de algodão, mas ele não soube responder.

“Nunca passei por uma situação parecida como naquele dia na minha vida. Eu considero isso como um caso de racismo, porque foi só eu que fui mandado sair da piscina. E mesmo que isso seja uma regra, por que ela foi aplicada apenas a uma pessoa?”, questiona.

Gildas Dassigli afirma que no seu país, Benin, não existem situações como essas. Após o episódio, ele e um outro amigo que presenciou a situação foram registrar boletim de ocorrência.

Segundo o estudante, a área de lazer do condomínio não tem nenhum aviso ou placa dizendo sobre a regra que é proibido tomar banho de camisa de algodão.

“Eu acho isso muito triste. Eu quero muito passar essa mensagem para que pessoas negras como eu não deixem situações como essas acontecerem mais. Tem que denunciar, se manifestar”, diz Gildas Dassigli.

g1 entrou em contato com o condomínio Algodoal e aguarda o retorno da administração do espaço sobre o ocorrido.

-+=
Sair da versão mobile