“Furacão” Sha’Carri: quem é a velocista que promete voar na pista em Tóquio

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Sha'Carri Richardson é a esperança americana para o ouro nos 100 metros em Tóquio Imagem: Patrick Smith/Getty Images

Ela tem apenas 21 anos e pouco mais de 1,50 m de altura. Mas, dentro das pistas, fica gigante. Destaca-se pela performance invejável e por um visual marcante: cabelos coloridos, longos cílios e longas unhas, maquiagem caprichada, tatuagens no pescoço, nos braços, nos ombros, nas pernas. Ela é Sha’Carri Richardson, a principal esperança do atletismo dos EUA para ganhar o ouro nos 100 metros após 25 anos.

Sha’Carri mostrou todo o seu potencial na seletiva americana para a Olimpíada de Tóquio, que está sendo disputada na cidade de Eugene. Foi a campeã dos 100 metros e se credenciou para a sua primeira Olimpíada com a marca de 10s86. Antes disso, porém, já havia alcançado um resultado impressionante. No mês de abril, em uma competição na Flórida, venceu a distância em 10s72 —a segunda melhor marca neste ano e o sexto melhor resultado de toda a história nos 100 metros.

Apenas dois anos atrás, Sha’Carri (lê-se “sha-querri”) era uma estudante do primeiro ano na Universidade da Louisiana. Foi na final dos 100 metros do NCAA, a liga esportiva das universidades americanas, que a jovem despontou para o mundo. Venceu os 100 metros em 10s75, recorde mundial sub-20. Após essa conquista, apareceram as propostas de patrocínio e acabou a jornada universitária da velocista, que aderiu ao profissionalismo com o objetivo de ajudar sua família.

Sha’Carri foi criada pela avó, Betty Harp, que estava nas arquibancadas do estádio Hayward Field. Assim que venceu a prova, a atleta correu para os braços dela. “Minha família é tudo”, disse a velocista que, ainda na pista, revelou que sua mãe biológica havia morrido uma semana antes da seletiva. “Mesmo assim, eu estou aqui”, disse à TV americana NBC, que transmitia a disputa.

Apesar do pouco tempo de carreira e sem nunca ter disputado um grande evento internacional, Sha’Carri já tem uma marca registrada: muda a cor dos cabelos antes de cada competição, de acordo com seus objetivos e da maneira como se sente.

Quando foi campeã do NCAA, as madeixas eram loiras. Em abril deste ano, quando fez o melhor resultado da sua vida, a cor escolhida foi o vermelho. No mês seguinte, mudou para azul. Na busca pela vaga olímpica, usou um laranja vibrante, que foi definido por sua namorada. Uma cor forte e vibrante, escolhida para trazer impacto na pista: “Essa é quem eu sou. Ela queria que eu mandasse um recado, que eu continue mostrando ao mundo que sou uma força a ser conhecida”.

As comparações entre Sha’Carri e uma lenda da velocidade americana, Florence Griffith-Joyner, tornaram-se inevitáveis. Flo-Jo é, desde 1988, a recordista mundial dos 100 metros, quando conquistou o ouro na Olimpíada de Seul com 10s49. Dentro das pistas, ela também se destacava pelo cabelão, pelas unhas longas e por uniformes extravagantes. “Eu sou influenciada pela melhor de todas: Flo-Jo. Quando ela corria, trazia toda uma energia diferente para a pista. E nada a parou”.

Dentro da pista, quem chegou mais perto do recorde de Flo-Jo é a jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce. Bicampeã olímpica (Pequim-2008 e Londres-2012) e medalha de bronze na Rio-2016 nos 100 metros, a velocista de 34 anos alcançou, nesta temporada, o tempo de 10s63. Sha’Carri agora se credencia como a principal oponente da veterana, pelo ouro e pelo recorde mundial.

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