Geledés – Instituto da Mulher Negra participou entre os dias 19 a 22 de agosto, em Brasília, do Fórum Inter-religioso do G20 que acontece com o apoio da Parceria Internacional sobre Religião e Desenvolvimento Sustentável (PaRD), responsável por agregar governos, entidades multilaterais, universidades, bem como líderes e estudiosos religiosos, lideranças indígenas e participantes da sociedade civil, com o objetivo de trocar aprendizados e colaborações a fim de fomentar políticas e práticas para serem alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Neste ano, o Fórum Inter-religioso do G20, que teve como temática “Não Deixar Ninguém para trás: O Bem-estar do Planeta e de seu Povo”, abordou temas relacionados ao Diálogo Inter-Religioso e ao Desenvolvimento Sustentável. O evento, com 30 sessões simultâneas, abordou questões abrangentes, desde as atuais crises socioeconômicas até os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), destacando possíveis ações colaborativas no contexto do G20.
A representante de Geledés neste evento, Elcimar Pereira, assessora internacional da organização, fez parte do painel “Mulheres construindo a paz e comunidades resilientes”, na terça 20, em que foi discutida a importância de identificar não só o papel das mulheres na construção da paz e como liderança para as comunidades resilientes, mas também a diversidade destas mulheres considerando os diferentes marcadores que contribuem para a presença de mulheres na luta pela paz como uma necessidade primordial.
“Elegi como exemplo dessa temática as mães de comunidades de matriz africana que foram assassinadas. Ressaltamos as ameaças e as situações de violências que lideranças de terreiro de matriz africana vêm sofrendo no país”, afirma Elcimar Pereira.
Após o debate, o público teve a oportunidade de fazer perguntas e foi apontada a falta de representatividade de mulheres no próprio evento. “Ressaltei a importância de termos equidade de raça e gênero no diálogo inter-religioso para a busca da liberdade religiosa de maneira efetiva”, destaca Elcimar. “Na intersecção entre fé, política e direitos humanos em sociedades desiguais é fundamental considerarmos que sem equidade não há liberdade religiosa, de espiritualidades e de crenças”, completou ela.
Carolina Almeida, assessora internacional de Geledés, intermediou o segundo painel, “Mulheres e Meio Ambiente”, na quarta, 21. Na abertura, Carolina também acentuou a relevância da inclusão das mulheres na discussão ambiental. “As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios de nosso tempo, e a forma como respondemos a elas determinará o futuro do nosso planeta, não mais o futuro longínquo, mas o futuro próximo, o amanhã, literalmente. No entanto, essa resposta só será eficaz se for inclusiva, e, para isso, a participação ativa das mulheres é indispensável. As mulheres, em suas diversidades, desempenham papéis fundamentais na proteção do meio ambiente e na promoção de políticas climáticas mais justas e sustentáveis”, afirmou.
No último dia, Elcimar dividiu a mesa “Próximos passos: discussão em estilo Fishbowl” com representantes da organização do evento, a vice-presidente da Fórum Inter-religioso no G20, Katherine Marshall, o chefe do secretariado da Parceria Internacional sobre Religião e Desenvolvimento Sustentável (Pard), Khushwant Singh, além do representante principal da Comunidade Internacional Bahá’í junto às Nações Unidas, Bani Dugal. O mediador desta mesa foi Thiago Alves Pinto, da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Neste último painel foram feitas algumas avaliações mais propositivas em relação ao evento como um todo na busca de uma construção de equidade de participação para grupos que são historicamente excluídos.
“O Fórum Inter-religioso foi um espaço muito valioso para o encontro de diversos líderes religiosos de diversas partes do mundo. Um espaço para ricas trocas e o exercício para a busca de construção da liberdade religiosa, espiritualidades e de crença para todos os grupos. Mas, para que consigamos avançar no debate de combate às intolerâncias, precisamos considerar que não existe liberdade religiosa e de crença se não tivermos equidade de raça, gênero e etnias em todas as discussões. Precisamos também reconhecer a existência de documentos internacionais que asseguram a importância de combatermos o racismo e a xenofobia”, afirma Elcimar.