Uma comitiva com representantes de 18 organizações da sociedade civil brasileira, entre elas Geledés- Instituto da Mulher Negra, estará em Washington, nos EUA, entre 24 e 29 de julho, para participar de mais de 20 reuniões com membros do Departamento de Estado americano, deputados, senadores e representantes de organizações sociais e sindicais locais. A intenção é alertar para as ameaças ao processo eleitoral brasileiro e pedir um posicionamento firme em relação ao respeito ao resultado da votação, seja quem for o vencedor.
“Há 34 anos Geledés-Instituto da Mulher Negra faz o debate político sobre o racismo na sociedade brasileira. O racismo impacta diretamente na democracia, uma vez que 56% da população brasileira, a população negra, não usufrui do Estado democrático de direito e não se vê representada no processo democrático, portanto isso não se refere apenas ao sistema eleitoral. Participar desta comitiva para Washington, cujo intuito se traduz na defesa do sistema eleitoral, significa, acima de tudo, reafirmar que para nós, a população negra, que ‘enquanto houver racismo não haverá democracia’ neste país”, afirma a advogada e coordenadora do Geledés, Maria Sylvia de Oliveira, representante da organização na comitiva.
Na terça-feira, 26, a comitiva será recebida no Departamento de Estado americano, que é o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores dos EUA, e na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Na sexta-feira,29, haverá uma reunião bilateral com o deputado democrata Jamie Raskin, que está na linha de frente da Comissão Parlamentar que investiga a invasão do Capitólio americano, em 6 de janeiro de 2021.
Ainda no Congresso, ao longo dos cinco dias, haverá encontros bilaterais com outros deputados e senadores, incluindo o democrata Bernie Sanders (Vermont).
“O mundo inteiro acompanha com atenção as eleições presidenciais de 2022 do Brasil. Nos EUA, há uma sensibilidade ainda maior, por causa das tentativas de subversão do processo eleitoral americano em 2020 e da invasão ao Capitólio em 2021. As organizações brasileiras têm, portanto, muito a dizer e a ouvir nessa série de encontros”, disse Paulo Abrão, diretor-executivo do WBO (Washington Brazil Office), instituição que organiza a visita da comitiva.
Embaixadores de países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) também receberão a comitiva brasileira, que terá encontros ainda com organizações da sociedade civil local, como o Atlantic Council, a Wola (Washington Office on Latin America), o Wilson Center e a Usaid, entre outras.
“Representantes dos movimentos negro, indígena e ambiental, entre outros, estarão na linha de frente desses diálogos, falando por si mesmos sobre a situação que o Brasil enfrenta”, disse James Green, presidente do Conselho de Diretores do WBO. “É importante que esses representantes da sociedade civil brasileira sejam ouvidos em primeira mão, pessoalmente, sem intermediários, porque são eles, afinal, os protagonistas de muitas das violações de direitos humanos vividas no Brasil recentemente, e são eles que trazem essa preocupação com a importância do respeito ao resultado da eleição de 2022”.
Organizações que compõem a comitiva, em ordem alfabética: ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos), Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Artigo 19, Comissão Arns, Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), Conectas, Galo da Manhã, Geledés-Insituto da Mulher Negra, Greenpeace Brasil, Instituto Clima e Sociedade, Instituto Marielle Franco, Instituto de Referência Negra Peregum, Instituto Vladimir Herzog, Pacto pela Democracia, Transparência Internacional, Uneafro, 342 Artes, NAVE.