Geledés Instituto da Mulher Negra completa 35 anos

FONTERedação
Celebração dos 35 anos de Geledés (Foto: Nathalie Rocha)

“Também somos linha de frente de toda essa história

Nós somos do tempo de samba sem grana, sem glória

Não se discute talento mas seu argumento, me faça o favor

Respeite quem pode chegar onde a gente chegou” 

Moleque atrevido, Jorge Aragão

Com essa música, a equipe de Geledés celebra mais um ano de luta entre integrantes da organização. Cantada não de forma pretensiosa, a canção de Jorge Aragão simboliza diferentes momentos da história de uma instituição que nasceu de forma atrevida, se posicionou em defesa das mulheres negras, e colocou como eixo central de seu trabalho as questões de raça e gênero.

Com argumentos sempre contundentes sobre as negligências do Estado brasileiro contra a população negra, Geledés conseguiu, ao longo desses 35 anos, denunciar em diferentes momentos as violações de direitos humanos.

Recentemente, a instituição submeteu o Relatório Sombra à 76ª Sessão da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes (CAT) da ONU, com o apontamento de violações sistemáticas e casos emblemáticos de tortura contra a população negra no Brasil.

“Nos seus 35 anos, Geledés continua ampliando seus compromissos nos diferentes campos da sociedade civil, em que as violações dos direitos da população negra, em particular, das mulheres negras, ainda se apresentam. Nos nossos diferentes eixos, buscamos garantir o direito de cidadania e  a justiça racial como elementos que estruturem a elaboração das políticas públicas no Brasil”, afirma Suelaine Carneiro, coordenadora do programa Educação e Pesquisa. 

As ações realizadas por meio dos projetos de Geledés, ajudaram a minimizar o racismo institucional e o sexismo que impedem o acesso de pessoas negras aos bens sociais, e tornaram a sede da instituição um espaço de acolhimento em que ativistas e diferentes movimentos sociais podem se encontrar e se fortalecer por meio de diálogos, resgate da memória dos fazeres políticos, culturais e sociais da população negra. 

Geledés recebe Helena Theodoro no Centro de Documentação e Memória Institucional (Foto: Geledés)

“A criação do Centro de Documentação e Memória Institucional de Geledés representa a conclusão de um ciclo vivido por nossa organização e, ao mesmo tempo de abertura de outro, para os novos desafios e perspectivas que a trajetória de Geledés vem ensejando”, destaca a coordenadora e fundadora do Geledés, Sueli Carneiro.

Mais em 2023

Retomando sua trajetória de incidência também na esfera internacional, nos quatro primeiros meses de 2023, Geledés produziu evidências sobre as violações contra a população negra, que subsidiaram análises sobre o monitoramento dos direitos humanos no país, como a Violência obstétrica contra negras, apontada por Geledés, é tema na ONU e as contribuiçoes para avaliadores internacionais – Peritos da ONU acatam recomendações de relatório de Geledés sobre tortura

Além disso, uma comitiva de organizações negras formada por Geledés, CEERT, Instituto de Referência Negra Peregum, Mahin Consultoria Antirracista e Observatório da Branquitude, participarão da 2ª sessão do Fórum Permanente de Afrodescendentes, em Nova Iorque, em que também será realizada uma atividade paralela da sociedade civil para discutir ações de enfrentamento ao avanço global da extrema direita.

No campo da  educação, estamos atuando na defesa da garantia da educação pública de qualidade e da permanência de estudantes negros na educação básica desde a primeira infância até a pós-graduação. A pesquisa “Lei 10.639/03: a atuação das secretarias municipais no ensino de história e cultura africana e afro-brasileira”, promovida por Geledés Instituto da Mulher Negra e Instituto Alana, com apoio da Imaginable Futures, Uncme e Undime, apresentou um importante balanço sobre os 20 anos da implementação da lei 10.639, no Brasil.

“O Programa de Educação tem olhado para os processos de formação básica, sobretudo de meninas negras, pois entendemos que qualquer política desenvolvida para elas vai beneficiar toda e qualquer estudante”, destaca Suelaine.

Em maio de 2023, o Programa de Políticas de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça lançará o curso “Direitos humanos, gênero, raça e política”, voltado para mulheres pesquisadoras.

O Programa de Comunicação, em parceria com a Fundação Tide Setubal, lançará a sexta edição do Podcast “Essa Geração” , que trará como protagonistas os primeiros participantes do curso de multimídia

O Centro de Documentação e Memória Institucional fará, no mês de maio, o lançamento de um documentário sobre os 30 anos do Projeto Rappers, e ao longo do ano de publicações,  podcasts e exposições virtuais também sobre o projeto.

Nos nossos 35 anos, estamos cheias de fôlego para construir ainda mais e te convidamos para participar e estar conosco em todos esses processos. 

-+=
Sair da versão mobile