Na madrugada de segunda-feira (9), Lindinalva Barbosa, Omorixá Oyá do Terreiro do Cobre, na Bahia, foi vítima de racismo religioso no Aeroporto Internacional do Ceará. Apesar de ter passado pelos detectores de segurança, Lindinalva foi abordada ao se dirigir à área de embarque e, de forma constrangedora, foi instruída a remover o torço de sua cabeça antes de embarcar.
Esse ato de discriminação foi realizado publicamente, diante de outros passageiros, expondo Lindinalva a um constrangimento desnecessário. A situação ganhou visibilidade graças às filmagens divulgadas nas redes sociais, que trouxeram à tona mais um caso inaceitável de intolerância religiosa no Brasil.
Nós, de Geledés – Instituto da Mulher Negra, expressamos nossa solidariedade a Lindinalva Barbosa e reafirmamos que, em um país que se declara laico, nenhuma fé deve ser desrespeitada ou marginalizada.
Pessoas adeptas de religiões de matriz africana enfrentam ataques constantes motivados pela intolerância e pelo racismo, que tentam cercear a liberdade de suas práticas espirituais e violam seus direitos fundamentais. O avanço do fundamentalismo religioso tem resultado em violências alarmantes: terreiros incendiados, corpos violentados e o silenciamento de manifestações religiosas.
Não aceitaremos que nossa liberdade seja violada. Não nos calaremos diante da ignorância que alimenta essas intolerâncias. Reafirmamos nossa força, nossa ancestralidade e nossa espiritualidade. Seremos livres, como sonharam nossos ancestrais, e manteremos nosso orí protegido, com nosso torço, onde quer que estejamos.