Goiás reconhece responsabilidade na morte de 10 menores carbonizados

Luciana Pereira Lopes e Marilene Martin Araújo, durante ato com outras mães em Goiânia. T. PIRES

Em maio de 2018, dez jovens morreram em incêndio em um centro socioeducativo após fogo tomar a cela onde estavam. Um ano depois, Estado pagará indenização para as famílias. O EL PAÍS conversou com três das mães

Por F. BETIM e  T. PIRES, do El País

Luciana Pereira Lopes e Marilene Martin Araújo, durante ato com outras mães em Goiânia. T. PIRES

A notícia da morte do filho chegou pelo WhatsApp. Marilene Araújo estava visitando a mãe em uma aldeia indígena do Pará quando recebeu de um contato anônimo as imagens de corpos amontoados e carbonizados dentro de um cubículo que servia como unidade socioeducativa para 11 menores. Imediatamente reconheceu o filho Elizeu entre eles. Estava deitado na porta da cela com o rosto completamente queimado. “Assim que vi já comecei a chorar”, conta a mulher. “Ele só tinha 17 anos. Tão lindo. Tão perfeito. Tão dócil”. Pegou então um ônibus em plena greve dos caminhoneiros para chegar em Goiânia e ver o filho pela última vez. Cinco minutos foi o tempo que teve, na manhã do dia seguinte, para se despedir antes de o rapaz ser enterrado.

As chamas tomaram o alojamento 1 por volta de 11 horas da sexta-feira de 25 de maio de 2018. Nove adolescentes que ali estavam, no Centro Interno Provisório (CIP) para menores de 15 a 18 anos, dentro do 7º batalhão da PM, em Goiânia, morreram na hora. A décima vítima faleceu após quase um mês internado. Na versão oficial consta que os rapazes atearam fogo em um pedaço de colchão para depois jogá-lo no corredor do abrigo. Era a forma de protestar pela transferência de alguns deles para outro centro socioeducativo. Para evitar que uma sufocante fumaça preta invadisse a cela, tamparam a grade com outros colchões. Foi quando o fogo tomou o local.

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