Governos africanos precisam de soluções locais, defende Nobel da Paz

O Prémio Nobel da Paz Denis Mukwege, da República Democrática do Congo (RDC), considera que os governos africanos, “no seu conjunto, tomaram consciência da gravidade” da covid-19 e defende que devem promover soluções locais para combater a pandemia.

FONTEDa África 21

Governos africanos precisam de soluções locais, defende Nobel da Paz.

“A África, no seu conjunto, tomou consciência da gravidade da doença. E não devemos assistir à repetição de uma situação, como a que aconteceu no caso da sida (aids), em que alguns governos africanos estavam em negação. Agora, tomaram as medidas adequadas”

afirmou Mukwege, numa videoconferência organizada pela Positive Planet Foundation.

Porém, sublinhou, “até agora, a África tem tido muita sorte” porque “se tivesse sido atingida com a mesma dureza que a China, a Europa ou os Estados Unidos” a situação seria “um desastre”, acrescentou o Prémio Nobel da Paz, a partir de Bukavu, na República Democrática do Congo (RDC).

Governos africanos precisam de soluções locais

Com 1.158 mortes e cerca de 23 mil infeções, a África, juntamente com a Oceânia, é um dos continentes menos afectados pela pandemia, ainda que estes números sejam indubitavelmente subestimados, devido à falta de testes.

Mas muitos governos do continente tomaram rapidamente medidas de contenção, apesar das mesmas serem difíceis de implementar e frequentemente contestadas.

Perigo da Pandemia

Alguns líderes africanos, porém, ainda duvidam da perigosidade da pandemia, como o Presidente tanzaniano, John Magufuli, que diz para os seus concidadãos confiarem em Deus e encoraja-os a continuarem a trabalhar normalmente.

Na conferência em que participou terça-feira (21), o Nobel da Paz defendeu a necessidade de soluções adaptadas a nível local, em cada país.

“Cada contexto é diferente. No meu país [RD do Congo], por exemplo, quase 80% da população vive no sector informal. O isolamento rigoroso é praticamente impossível”, sublinhou.

Na província do Kivu Sul, da qual Bukavu é a capital, “os menores de 60 anos representam 96% da população”. Eles podem tomar conta dos 4% dos idosos” que ficarão isolados, afirmou.

Mais globalmente, “esta crise é uma oportunidade para a África colocar questões existenciais”. “Ficaria surpreendido se voltássemos à mesma forma de pensar depois disto. Em vez de procurarmos soluções externas, vamos procurar soluções endógenas”, desafiou.

“África tem capacidades que até agora não têm sido utilizadas correctamente. Espero que cada país utilize os seus próprios recursos”, acrescentou.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 170 mil mortos e infectou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 558 mil doentes foram considerados curados.

O número de infectados pela covid-19 em África subiu para 22.275, dos quais 5.489 recuperaram da doença, registando-se já 1.119 mortos, revelou hoje o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC). AFP/Angop

-+=
Sair da versão mobile