Heloisa Pires Lima – A criação literária como um fio condutor

No meu caso, a criação literária é um fio condutor que encontra o ofício da antropóloga a tecer pesquisas com foco nas representações culturais. Somam-se a ambas as vivências como educadora. Foi na juventude que eu ajudei a criar uma escola com crianças de berçário até a alfabetização. A Ibeji casa-escola fez a diferença no percurso da sensibilidade para notar a biblioteca que apresentava o mundo para os recém-chegados. Motivo para as primeiras sistematizações acerca do assunto, Foi também a época do treino em produzir textos que interagissem com os pequenos ao meu redor. Desde então, ampliei a roda de histórias trocadas com as mais diversas faixas-etárias e realidades educacionais, sempre chamando a atenção para os livros. Sobretudo para os modelos de humanidade que habitam as prateleiras literárias desses ambientes. A estreia, propriamente dita com uma publicação de minha autoria aconteceu quando coordenei a coleção Orgulho da Raça voltada para o leitor infantil. Era o ano de 1995 e a ausência de personagens negros construtivos, preenchidos de afetividade que auxiliassem o leitor a desejar o modelo de humanidade negro, se identificar com ele positivamente, e a construir uma percepção respeitosa a seu respeito, era gritante. A série ampliava essa presença, por sua vez a identidade social negra, para além das restrições temáticas que acionavam apenas a chave emocional da dor e do sofrimento. Esta última, importante, porém não precisava tomar a cena absolutamente. A referência aos personagens negros, nessa iniciativa, não estava na redação e sim na ilustração. Já em Histórias da Preta (Cia das letrinhas,1998) a temática racial veio para o centro da narrativa. A protagonista conduz uma reflexão contrapondo a questão da cor da pele ao aspecto histórico da peculiaridade negra que passa pela minha regionalidade gaúcha. E assim a cada novo título, lógicamente na proporção da ludicidade, o leitor pode se deparar com noções advindas do debate antropológico. O literário é a expressão, o ponto de vista que traz, revê, relê, descobre sonha e vive uma existência negra. E, na medida do possível, a batalha pela qualidade gráfica dos exemplares lançados se afina com as preocupações sobre como os acervos disponíveis nas bibliotecas representam a origem negro-africana. Um desses desdobramentos abarcou a linguagem televisiva. Ele aconteceu com a consultoria dentro do projeto www.acordacultura.org.br para os episódios do programa Livros Animados – TV Futura,Fundação Roberto Marinho/ Cidan/Seppir/ Fundação Palmares, 2ª fase 2009-2011 inserido no Guia de Tecnologias Educacionais do MEC. Mas não apenas os jovens têm conhecido minhas intervenções no setor. A Selo Negro Edições implementada junto ao Grupo Summus Editorial, foi uma proposta cujo princípio era similar, embora voltado para o público adulto, à coleção Orgulho da Raça. Perfilar o segmento editorial buscava a particularidade negra nas áreas universais de conhecimento. Nesse momento, 1999, o diagnóstico de um racismo histórico e específico envolvendo a presença negra, isto é, sua ausência na cadeia de produção demandava sua superação. A proposição era afirmativa e visava criar um espaço para a recepção de autores negros no circuito, publicar intelectuais reconhecidos nacionalmente, mas que não tinham obras publicadas e, ultrapassar a barreira da particularidade negra em todas as áreas de conhecimento. Enfim, esses são alguns dos muitos fios de minha biobibliografia que se entrelaçam para compartilhar histórias e mais histórias.

 


 

INFANTIL E JUVENIL

 

LIMA, HP. O pescador de histórias. São Paulo: Melhoramentos, 2013, ilustrações Élon Brasil

o pescador de historias

ilustrações de Élon Brasil

O Pescador navega pelas águas africanas. Às vezes, percebe a fartura, prepara o mergulho e, então, pesca. Mas não peixe e, sim, histórias. Desse jeito, ele se alimenta do repertório cultural ribeirinho. Ler a obra é como deslizar numa correnteza de pequenos contos entre lugares e tempos. O conjunto desses leitos fabulosos oferece uma África nada homogênea para o leitor.

O Rio Níger, ao noroeste, permite a referência ao povo soninquê. Em O brilho precioso de Wagadu, o Pescador recolhe uma narrativa conhecida nessa região desde o século VIII.

Já em O presente do Nilo, as águas deixam fluir pequenas lembranças do poderoso império negro de Cush, lá pelo terceiro milênio a.C.. Estas convivem com as formas mais modernas de se relacionar com o mesmo rio, como fazem os povos Dinka, Shilluck e Annuak.

Também o lago Nakuru, ao leste, é local para iscas. Pois Entre a neve e o vento rosa emergem acontecimentos recentes, como o embate, nos anos 1960, entre a Grã- Bretanha e as sociedades kikuyu, e Massai, do atual Quênia. Lá cai neve, fala-se swahili, uma língua para comunicação nos mercados formados entre os diversos grupos, e observa-se um peculiar comportamento em relação aos antepassados. Esses assuntos são vias para aprofundar conhecimento sobre oleste africano, que os flamingos acompanham há tempos.

E, finalmente, à beira do Rio Orange, ao sul do continente, o Pescador, em Olhos de diamantes, encontra a sabedoria dos !Kung San e, em especial sua relação com o louva-deus.


 

LIMA, HP & MELO, W. F.& VASCONCELOS, A.Mª. O fiod´água do quilombo: uma narrativa do Zambeze no Amazonas? São Paulo:Editora Prumo, 2012

Imagine submergir num rio que revelará tua identidade. Um fio d´água do quilombo recupera a surpresa de um acaso. A antropóloga Heloisa Pires Lima escutou à beira do rio Amazonas uma narrativa muito semelhante à outra que conheceu da beira do rio Zambeze africano. Ambas tratam do sumiço de ribeirinhos levados para o fundo das águas. Porém, devolvidos cobertos de folhagens mágicas que fazem nascer o extraordinário curandeiro. Águida Vasconcelos, pedagoga oriunda da Comunidade Quilombola de Nova Vista do Ituquí, em Santarém, assina a versão brasileira do mito. A psicóloga Willivane Melo localiza o leitor acerca da presença negro-afro-descendente no Pará. No fundo, a forma literária encontrada pelas autoras é uma reflexão acerca da abordagem para o tema quilombos. A noção no tempo e ainda em África seiscentista possibilita vislumbrar o curso dessa história no continente americano. Sobretudo para mostrar como alguns pequenos detalhes podem definir a face de eventuais relacionamentos entre certas Áfricas e certos Brasis. A literatura oral é um fio de encontros raros para essa percepção. E o leitor tem uma oportunidade para mergulhar nesse conhecimento e um caso para decifrar. A Njuzu da sociedade Xona, espírito das águas puras teria aparecido em meio à vida quilombola amazônida?

 


 

 

LIMA, HP. O que a anja contou para a criança negra? In (org) Prieto, Heloisa Infâncias. Rio de Janeiro: Escrita fina, 2011 fotografias de Adriana Veiga

A partir da memória de um quadrinho clichê de sua infância, a autora recupera uma história acerca da Declaração Universal dos Direitos da Criança.


 

 

LIMA, H.P & Hernandez, L. L. Toques do Griô. São Paulo: Melhoramentos, 2011, ils Kaneaki Tada

Pois não circula no Brasil a ideia de griô ser um tipo de contador de histórias em África? Toques do Griô amplia, em muito, essa percepção. Como a kora, instrumento musical africano de 21 cordas, os capítulos dão a conhecer essas figuras históricas em variados tempos. Destacadas na epopéia que louva Sundiata Keita e seu Império no século XIII, também sobrevivem nos jovens aprendizes de griô que crescem entre o Mali e Paris, em pleno século XXI. Já o relato sobre pirogas malinqués tomando a direção da América, antes do século XVI ou a explicação da palavra griô como sendo de origem portuguesa são conteúdos para aproximar o leitor brasileiro das sonoridades que as histórias africanas têm a oferecer. Os provérbios na língua malinké abrem o caminho para conhecer o pensamento filosófico dessa sociedade e o alto valor da palavra. Sagrada, o griô a administra como ao fogo, para que não se apague nem alastre!

 


 

 

LIMA, H.P. O marimbondo do quilombo. São Paulo: Selo Amarylis, 2010, ils Rubem Filho indicado para o prêmio Jabuti 2011, categoria literatura infanto-juvenil

A ginga do muleke é fazer o carcará o levar de volta ao reino de Zambi. Foi num cochilo que as garras do pássaro o retiraram de lá. Daí, a busca por algo perdido – o muleke procura o seu reino; o carcará, o seu calango. E o marimbondo? Ah! Este registra a história para não a perder também.

Venha aterrizar em meio aos cristais das terras kalungas, brincar com o eco das cavernas dos quilombos de Eldorado ou escorregar no baobá gigante de Quissange. O Marimbondo do Quilombo é como um cafuné a mediar repertórios afro-brasileiros.

 


 

LIMA, H.P.& Andrade, R M ª T. Lendas da África moderna. São Paulo: Elementar, 2010, ils Denise Nascimento, seleção para o PNBE 2012. Seleção PNBE 2012

A lenda nasce. Não se sabe ao certo se de boca a boca ou de ouvido a ouvido. E também é assim na moderna África que, viva, continua produzindo suas histórias. Desse modo, nasce mais uma lenda a respeito da África, no Brasil. As autoras do livro que você está prestes a conhecer apenas abrigaram um pouco desse lendário que recolheram no ar. Nelson Mandela, Wangari Maathai, a Arte e os Griôs africanos, inspiraram quatro lendas. Também porque as autoras descobriram que a palavra lenda é filha de outra: legenda, isto é, para ser lida.

Madiba, aquele que enfrentou a fera de pelo branco devoradora de gente de pele negra. Por isso ele se tornou quem se tornou; uma lenda viva.

A visionária menina kikuiu que ao reunir outras meninas para plantar milhões de árvores nativas fez o suor, pelo esforço, fertilizar o solo do Quênia.

A Arte em ouro produziu o brinco da princesa axanti, sempre perdido para ser encontrado e realizar idéias dependuradas na mente.

O Griô extraordinário cujos personagens saem de sua boca vivos e caminhantes nos cenários das histórias que ele também faz surgir.

 


 

 

LIMA, H. P. O comedor de nuvens. São Paulo: Edições Paulinas, 2009, ils Suppa

Houve um tempo em que as nuvens ficavam na altura dos homens, das mulheres e das crianças. Com um céuassim baixinho, bastava esticar as mãos para apanhar uma nuvem cor-de-rosa ou avermelhada. Problemas? Só um, quando as amigas das princesas gêmeas Achanti tiveram que usar canudinhos para resolvê-lo. Mas isso acabou quando o céu precisou fugir lá pra bem alto, levando suas nuvens. Ele as protegia. De quem? Descubra, lendo esta história.

 


 

 

LIMA, H. P. . Benjamin, o filho da felicidade. 1. ed. São Paulo: Editora FTD, 2007 ils Marcelo Pacheco. Seleção para o PNBE 2009.

Retomar os ambientes dos circos de finais do século XIX e início do XX para apresentar Benjamin de Oliveira( Pará de Minas,11de junho de 1870- Rio de Janeiro, 3 de maio de 1954), aclamado como o rei dos palhaços e o nome mais importante para a história do circo-teatro no país.

Este personagem negro oferece suas múltiplas faces para o encontro com sua realidade histórica. Desde que fugiu com o circo para se tornar palhaço-cartaz, acrobata, palhaço de picadeiro, clown, ator, diretor de circo-teatro, escritor, empresário, ator negro dos primórdios do cinema brasileiro, cantor das primeiras gravadoras da indústria fonográfica no país, foi o inspirador de uma Lei aprovada no Congresso pelo, então deputado, Jorge Amado. Não fosse tudo isso, ainda, deu saltos para virar nome de ruas e praças. E como Benjamin não para de acrescentar uma ação inédita, a novidade apoteótica é sua redescoberta pela literatura. Recuperar as várias dimensões da forma como Benjamin construiu sua trajetória deixa algumas dicas valiosas sobre a arte de viver. Uma delas, as respostas rápidas frente às dificuldades. Mas também às oportunidades. Ágil, equilibrista, hábil no efeito, possuía todas as qualidades de um acrobata, antes mesmo de se tornar um. Talvez fosse acrobata porque já fosse perito na tomada de decisões precisas.

Reunindo a arte de ser palhaço e a história do circo no Brasil, Benjamin de Oliveira enriquece o cenário dessa memória.

Voltado para o leitor juvenil – Benjamin, o filho da felicidade (FTD,2007)- da autoria de Heloisa Pires Lima, apresenta o personagem em 3 atos. A narrativa ficcional está baseada em pesquisa do ambiente vivido pelo cidadão real. Ela inclui imagens e pistas de como chegar até o material conservado em acervos sobre o artista (fotografia, cartas, cartazes de circo, propaganda em jornal, peças de sua autoria,discos, objetos, etc..).
(trecho)

“Aconteceu, oito meses depois da fuga. Na porta do circo Sotero já havia um grande número de mucamas carregando cadeiras e moringas de água que tentariam colocar no espaço vago entre o picadeiro e a arquibancada. Seus donos é que as enviavam para garantir que ficassem mais bem acomodados na hora do espetáculo. O circo estava todo iluminado por tochas. Aconteceu, então, uma ventania obrigando um corre-corre dos casacas de ferro para acendê-los outra vez debaixo do berreiro ensurdecedor do público:

-Luz, olha a luz!

Esta seria apenas a primeira das confusões da noite. Pois não é que o pai Malaquias, estava na mesma cidade, Itatiaia, onde estreava o circo Sotero? E não é que ele resolveu ir ao circo? Malaquias chegou, sentou e esperou o espetáculo. Olha daqui, olha dali, olha bem e vê quem? Assim que reconheceu, começou a gritar da arquibancada:
-Beijo, seu moleque safado!

Ao mesmo tempo em que gritava, invadia o picadeiro atrás do guri. Por sorte, veio nova rajada de vento e apagou muitas das tochas.

Benjamin aproveita a confusão generalizada e corre mundo afora. Foge, então, pela segunda vez. Mas a fuga não foi só pelo medo do pai Malaquias. Antes da confusão da noite, houve a confusão do dia.”

 


 

LIMA, H. P (org) Décio Gioielli .A mbira da beira do rio zambeze. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2007. ils Marie Ange Bordas, Suppa

A pesquisa do músico sobre o instrumento musical mbira, assim chamado na sociedade Xona, reúne algumas cantigas tradicionais cantadas na língua original, mas que também são traduzidas na adaptação do autor para o cd que acompanha a obra.

 


 

LIMA, H. P. (Org.) ; GNEKA, Georges (Org.) ; LEMOS, Mário (Org.) . A semente que veio da África. 1. ed. São Paulo: Salamandra, 2005. Ils Veronique Tadjo . Selo Altamente Recomendável na categoria Informativo (2005) e seleção para o PNBE 2005.


Selo Altamente Recomendável da FNLIJ na categoria Informativo (2005) e seleção para o PNBE 2005.


 

LIMA, H.P & outros. De olho na cultura: pontos de vista afro-brasileiros – Projeto vencedor da modalidade Livros, na categoria cultura afro-brasileira, no I Concurso Nacional de Produção de Livros e Vídeos Sobre História, Cultura e Literatura Afro-brasileiras, promovido pela Fundação Cultural Palmares, Centro de Estudos Afro-orientais e Universidade Federal da Bahia.

Livro – De Olho Na Cultura

 

On line: http://pt.scribd.com/doc/6522489/Livro-De-Olho-Na-Cultura

 


 

 

LIMA, H. P. . O espelho dourado. 1. ed. São Paulo: Peirópolis, 2004 ils Taissa Borges. O espelho dourado (2003, Peirópolis) – Selo FNLIJ para o Acervo Básico 2003 na categoria Reconto, Seleção para o PNBE 2005 e para o Programa Livro Aberto da Biblioteca Nacional (2007). Selecionado para o Programa Mais Cultura da Biblioteca Nacional 2008.

O ESPELHO DOURADO, recolhe referências em torno do rio Niger. Do reino de Gana, uma aliança entre aldeias contra o avanço da escravidão, vem a história do trono de ouro maciço que resguarda o poder ancestral. A narrativa vem mesclada com uma crença achanti, segundo a qual o mundo dos vivos e dos ancestrais são espelhos um do outro e se interpenetram. Numa seção BRINCÁFRICA, o leitor poderá manipular um espelho dourado real destacado na orelha da obra, para as atividades que informam sobre mapas, tecidos, geografia, relacionados ao conto principal. Com linguagem de fácil acesso – MERGULHO NA ÁFRICA- amplia as informações históricas como um material de apoio para o educador. As ilustrações são de Taisa Borges.

 


 

 

LIMA, H. P. .Histórias da Preta. 1. ed. São Paulo:Companhia das letrinhas, 1998 ils Laurabeatrz. Prêmio José Cabassa e Adolfo Aizen da União Brasileira dos Escritores (1999) e seleção pela FNLIJ e FBN para o Brazilian Book Magazine Publishing Co. Selo Altamente recomendável na categoria informativo.

Buscar nas águas da memória o primeiro momento em que se percebeu uma menina negra. Ouvir o som da madrinha carinhosamente lhe chamando de Preta inicia o percurso que vai revelando a personagem de uma história particular; a de ser uma pessoa negra. Inteligentemente ela lida com as informações que o mundo lhe apresenta, questiona, inverte clichês, ri, saboreia as descobertas, provoca o leitor com sua sensibilidade, trança as muitas histórias que tem para contar. A autora é a antropóloga Heloísa Pires Lima. O livro foi publicado em 1998 pela Cia das letrinhas tendo recebido os prêmios Adolfo Aizen e José Cabassa da UBE, na Academia Brasileira de Letras, o selo “Altamente Recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil. Também foi selecionado para o Brazilian Book Magazine para o Bologna Book Fair (1999).

 

 

 

Folha de São Paulo- 12.04.98

“(…) Histórias da Preta foi escrito como uma longa trama composta por diferentes fios narrativos: o literário, o histórico, o antropológico. Todos juntos formam uma poderosa trança contra o racismo mais descabelado(…) “

Revista Raça Brasil outubro/1998

” Boa parte da nossa imprensa- mesmo aquela que fala diariamente dos direitos de cidadania, não ousa encarar o racismo à brasileira, muitas vezes cultivado como “força de hábito”. Este racismo disfarçado é pano de fundo do livro de Heloisa Pires Lima, que se dirige aos leitores em formação tomando todo o cuidado para que a discussão do assunto não reforce preconceitos. (…)”

 

 

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