Hoje na História o cantor e ator Tony Tornado completa 90 anos

FONTEANDRÉ CARLOS ZORZI - O ESTADO DE S.PAULO
Tony Tornado durante o V Festival Internacional da Canção, em 1970. Foto: Arquivo / Estadão

Tony Tornado, nome artístico para Antonio Viana Gomes, comemora seu aniversário de 90 anos de idade nesta terça-feira, 26. O E+ relembra alguns momentos da história e da carreira do ator e cantor ao longo das décadas.

Após ter trabalhado como porteiro de uma boate e servido o exército, que deixou em 1963, começou a ficar conhecido por suas imitações do cantor norte-americano Chubby Checker, chegando inclusive a ser conhecido como Tony Checker por algum tempo.

“[Nesta época] conheci o Wilson Simonal, quando ainda era secretário de Carlos Imperial, que na época tinha um programa na TV Continental chamado Os Brotos Comandam“, contou Tony Tornado ao Estadão em 1970.

Em 1966, o cantor passou a integrar o conjunto de Ed Lincoln, onde ficou por um ano. Na sequência, acompanhou o grupo Coisas do Brasil em uma excursão de 7 meses aos Estados Unidos. Sem dinheiro sequer para pagar seu hotel, retornou para casa.

BR-3 e Festival Internacional da Canção de 1970

Já de volta ao Brasil, foi ‘descoberto’ por Antonio Adolfo, que havia composto BR-3 com Tibério Gaspar. Tony Tornado, então, foi convidado a interpretar a música junto ao Trio Ternura.

A música, que teria sido criada em cerca de 10 minutos, após Adolfo ter assistido ao filme Sem Destino [Easy Rider, 1969], foi inscrita no V Festival Internacional da Canção (FIC), realizado no Maracanãzinho e transmitido na televisão.

A fase nacional contava, entre compositores e intérpretes, com nomes como Martinho da Vila, Ary Toledo, Carlos Imperial, Ibrahim Sued, Wanderléa, Luiz Gonzaga, Aldir Blanc, Agostinho dos Santos, Ivan Lins, Beth Carvalho, Jorge Ben e Trio Mocotó.

Além de artistas brasileiros, participavam ainda músicos dos mais variados países, como Bélgica, Suécia, Alemanha, Peru, Hungria, Venezuela, Uruguai, França, Espanha, Irlanda, Holanda, Estados Unidos, Iugoslávia, Grécia e Andorra.

Após a música BR-3 ter sido eleita a vencedora do FIC, Tony Tornado afirmou: “O soul, o spiritual e o blues dentro de poucos anos poderão se integrar na música popular brasileira. O soul já existe no Brasil há cerca de 40 anos, mas só agora vem sendo divulgado satisfatoriamente”.

Papéis de Tony Tornado no cinema e na TV

“Nunca fui um cantor. Mesmo quando cantava eu estava representando”, afirmou Tony Tornado ao Estadão em 1993.

Depois de começar a ficar conhecido no mundo da música, o artista passou a investir também em sua carreira de ator, tendo aulas de arte dramática e ganhando oportunidades.

Um de seus primeiros papéis de destaque surgiu na TV Tupi, como João Corisco na novela Jerônimo, o Herói do Sertão, de Moysés Weltman. A trama era protagonizada por Francisco Di Franco e foi ao ar por cerca de um ano, a partir de 20 de novembro de 1972.

Nas décadas de 1970 e 1980, também fez diversas participações em programas humorísticos, como Os Trapalhões. Tony Tornado esteve no elenco de Os Trapalhões e o Mágico de Oroz.

Em 1984, interpretou Ganga Zumba em Quilombo, filme de Cacá Diegues. Esteve em outras produções, como Chão Bruto (1977), Pixote: A Lei do Mais Fraco (1980).

Em 1985, outro papel marcante: Rodésio, o segurança da víuva Porcina na novela Roque Santeiro. Tony Tornado chegou a afirmar que, em um dos três finais diferentes gravados pela Globo, Rodésio ficava com a personagem de Regina Duarte

“Trabalhando com monstros sagrados. Ilva Niño, Regina Duarte… Estava eu lá, no meio, aprendendo com eles. Aprendi muito. Era apaixonado pela patroa. Desconfio que eu tenha confundido um pouco o personagem e ficou uma paixão particular do Tornado por ela”, relembrou Tony sobre o papel em entrevista ao Vídeo Show em 2018.

Anos depois, voltaria a contracenar com Ilva Niño em Cama de Gato, formando o casal Péricles e Ernestina. Entre diversos papéis, o Pai Gil, de Vamp (1991), e Anselmo, part romântico de Regininha (Rosi Campos) em Cara & Coroa (1995).

No começo dos anos 2000, esteve no elenco de Roda da Vida, na Record TV, antes de retornar para a Globo.

Outro papel marcante foi dando vida a Gregório Fortunato, o ‘Anjo Negro’, chefe da segurança de Getúlio Vargas, na minissérie Agosto, em 1993.

Tony Tornado conheceu Gregório Fortunato em 1954, à época em que ainda estava no exército, na Escola de Paraquedismo no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. “Gostar de bandido é suspeito, mas para mim o Gregório é um heroi”, contou ao Estadão em 1993.

Para interpretar o personagem, o ator foi atrás da filha do guarda-costa. “Ela não queria conversar, mas eu disse que iria fazer um Gregório honesto. Ela me contou que, apesar da figura dura, Gregório era doce, amável e delicado.”

No papel, Tony Tornado também alterou seu tom de voz e precisou controlar emoções: “O [diretor Carlos] Manga me proibiu de rir durante as gravações”.

Tony Tornado como Gregório Fortunato em ‘Agosto’ Foto: Reprodução de ‘Agosto’ (1993) / TV Globo

Trabalhos recentes de Tony Tornado

Um dos trabalhos mais recentes de Tony Tornado que foi ao ar na TV foi o especial de Natal da Globo, Juntos a Magia Acontece, exibido em 25 de dezembro de 2019. Na trama, ele contracena com o protagonista Milton Gonçalves.

No mesmo ano, cantor foi jurado no Popstar, reality show musical da Globo. Ele chamou atenção nas redes sociais ao criticar uma apresentação da atriz Totia Meirelles: “Para ela cantar pior que o Chico Buarque, é impossível”.

Em 2018, Tony Tornado fez parte do elenco da comédia Os Farofeiros, e também da série Carcereiros, exibida pela Globo e pelo Globoplay.

“Uma das coisas bacanas do seriado é que oferece um papel à altura do grande ator que Tony Tornado é. Esse cara teve poucas chances. É um resgate”, afirmou Marçal Aquino, roteirista de Carcereiros, à época.

Tony Tornado canta no Palco Sunset durante o Rock In Rio 2015. Foto: Fabio Motta / Estadão
Tony Tornado desfila na São Paulo Fashion Week de 2002, pela Cavalera. Foto: Beto Barata / Estadão
Tony Tornado ensaia para apresentação na Virada Cultural de 2011 ao lado do pianista Dom Salvador. Foto: Marcos Bizzotto / Estadão

-+=
Sair da versão mobile