A hora de pôr os pés no chão: a favela mudou

Pelo direito de transgredir

Por: Mônica Francisco *

escrita desta coluna é uma tarefa difícil, mas muito gratificante. Poder ter uma tribuna onde a favela se faça representar e apresentar seu cotidiano de forma tão significativa e fazendo isso em franco diálogo com a cidade, o país e o mundo, não é algo que podemos desperdiçar.

Já já, pós eventos esportivos de grande magnitude, teremos as eleições. As favelas hoje vêm, de forma muito significativa, se organizando e construindo plataformas, planos de desenvolvimento e modelos de revitalização urbana e social de forma coletiva, com possíveis soluções a curto, médio e longo prazo.

Apesar de não concordar com o voto obrigatório, pelo viés autoritário a que isso nos remete, sendo muito mais coercitivo do que de fato uma demonstração de verdadeira festademocrática, o voto é ainda uma arma poderosa. E o mais interessante disto tudo é perceber que essa mudança de mentalidade e atitude não conseguiu chegar ao entendimento de grande parte da classe política.

Se estes senhores e as pouquíssimas senhoras que compõem este grupo não se derem conta de que não há mais espaço para construírem suas plataformas políticas sem se obrigarem a dialogar com a favela – e digo dialogar –, não fazer encontros expressos, com muitas falas, cheias de lugares-comuns e nenhum sentido prático-metodológico interativo e participativo de fato, eles/elas vão caminhar em um terreno nada seguro.

Sabe a velha frase “O povo não é bobo”? Então, que os/as pretensos/as ou os de fato, candidatos/as se valham desta dica e não pensem que a gente se esquece, porque tá aí a turma do Alemão, com suas instituições, dentre elas o Raízes em Movimento dentre tantas outras, com sua articulação e luta levada até a justiça, pela implementação das obras de melhoria no saneamento básico previsto para o Complexo de Favelas do Alemão.

Poderia citar muitas outras, isso muitos de vocês que estão lendo esta coluna podem imaginar ou talvez até conheçam, como eu também, desculpem a redundância. Então prezadas excelências ou candidatos a excelências, é hora de colocar os pezinhos no chão e abrir os ouvidos e a mente, as coisas mudaram.

“A nossa luta é todo dia e toda hora. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!”

*Representante da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.

Fonte: Jornal do Brasil

-+=
Sair da versão mobile