Itamaraty retira do ar apostila com frases racistas e ataques a Lula e MST

FONTEBrasil de Fato
Material com frases racistas e ataques ao MST e ao ex-presidente Lula foi disponibilizado pelo Itamaraty para ser utilizado em cursos de língua portuguesa em 44 países - Evaristo Sa/AFP

O Ministério das Relações Exteriores (MRE), chefiado por Ernesto Araújo, retirou do ar, na noite desta terça-feira (14), material didático com frases de caráter racista e com ataques explícitos ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Carregado de sentenças com juízo de valor de caráter político, social e racial, o material foi disponibilizado pelo Itamaraty para ser utilizado em cursos de língua portuguesa no exterior por meio da Rede Brasil Cultural.

Parte da Divisão de Promoção da Língua Portuguesa do Ministério das Relações Exteriores, a Rede promove aulas do idioma em 44 países ao redor do mundo. O material foi divulgado pela jornalista Júlia Dolce, da Agência Pública, após a denúncia de uma professora.

Racismo

Em um exercício feito para praticar a conjugação do verbo “ficar”, pede-se a complementação da seguinte sentença: “Se ela alisasse o cabelo, ela () mais bonita”, em claro tom racista.

Apostila Itamaraty / Apostila Itamaraty – Reprodução

Ataques

Em outro caso, faz uma menção explícita ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao pedir a conjugação dos verbos “apropriar” e “conseguir”: “Se o MST se () de nossas terras, nunca mais () reavê-las”.

Em outra sentença utilizada como modelo, a apostila faz menção ao ex-presidente Lula: “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o mensalão, eu não teria votado nele”. Em outro caso, pede-se a conjugação do verbo “haver” em uma sentença que condena o aborto: “Se as mulheres não abortassem, não () tantas clínicas de aborto clandestinas”.

Apostila Itamaraty / Apostila Itamaraty – Reprodução

A apostila foi elaborada por Airamaia Chapina, professora e dona de uma escola de idiomas em São Paulo. Ao jornal O Globo, ela afirmou que o material é da década passada e nega que tenha sido elaborado com motivações políticas.

Edição: Leandro Melito

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