Itaú Cultural sedia programação da MITsp 2018 com master class, debates sobre censura e processos, além da peça sobre tráfico negreiro

Parceiro da Mostra Internacional de Teatro desde a primeira edição, o instituto recebe, além da peça sal., com a britânica Selina Thompson, conversa com a escritora Ana Maria Gonçalves, lançamentos de livros, debates sobre arte, com participações como a do artista Wagner  Schwartz e da atriz transexual Renata Carvalho, e encontro sobre processos criativos, a exemplo do que reúne o artista visual brasileiro Nuno Ramos e o encenador francês Joris Lacoste, diretor de Suíte nº 2, que abre a MIT 2018, no Auditório Ibirapuera

Enviado para o Portal Geledés 

 

Foto: Emma Beverley

De 2 a 10 de março, o Itaú Cultural participa da MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo com programação variada realizada no instituto, com foco em questões raciais, censura e senso comum sobre as artes no Brasil e internacionalização do teatro brasileiro. Dos dias 7 a 10 (quinta-feira a domingo) apresenta o espetáculo sal., no qual a dramaturga e atriz do Reino Unido Selina Thompson transforma em peça a viagem em um navio cargueiro, refazendo uma das rotas do Comércio Transatlântico de Escravos: do Reino Unido a Gana e, de lá, à Jamaica – no dia 10, após a apresentação, a escritora Ana Maria Gonçalves conversa com o público sobre a temática do espetáculo. Ao longo do período, o público é convidado, ainda, a participar da master class Corpo, afeto e política no teatro contemporâneo, e a conferir debates e encontros sobre espetáculos com artistas que integram a mostra ou refletem sobre as artes de uma forma geral (veja programação abaixo).

O Itaú Cultural recebe, também, parte da programação ligada ao espetáculo Suíte nº 2, que nos dias 2 e 3 de março (sexta-feira e sábado) abre a MIT 2018 no Auditório Ibirapuera, gerido pelo Itaú Cultural desde 2011, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Sábado, 3, às 11h, o diretor Joris Lacoste fala com o público no instituto, na Paulista, sobre seus processos criativos, na ação Pensamento-em-Processo. Segunda-feira, 5, às 19h, o encenador francês participa de debate com o escritor e artista visual brasileiro Nuno Ramos, também convidado da mostra.

“Tanto os espetáculos quanto as ações crítico-formativas refletem questões contemporâneas que assolam e mesmo atravessam o universo das artes cênicas”, observa Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural. “São pautas que afetam públicos distintos, percepções e reflexões diversas e muito pertinentes na atualidade, que esperamos ver debatidas e poetizadas no instituto, durante esses dias da mostra”, completa ela.

O eixo Reflexões Estético-Políticas, que acontece nos dias 8 e 9 (quinta-feira e sexta-feira), trata, em duas mesas, da distância entre o debate sobre arte que ocorre em territórios especializados e a ideia que o público em geral tem sobre o que é arte no Brasil. Para o debate O mal estar das mediações e o isolamento da arte, recebe o pesquisador Marcos Alexandre, o artista Renan Marcondes, a doutora em Artes Cênicas Rita Aquino e o artista Wagner Schwartz, e para Crítica não é censura | De quem é a arte que pode tudo?, conta com a participação da produtora Aline Vila Real, da diretora Georgette Fadel, do crítico Juliano Gomes, do crítico e curador de teatro Kil Abreu e da atriz Renata Carvalho.

Nos mesmos dias, o instituto recebe o Seminário de Internacionalização das Artes Cênicas, dentro da MITbr – Plataforma Brasil, uma das novidades da mostra em 2018. Nos encontros, abertos ao público, serão debatidos os temas Internacionalização e descolonização e Políticas públicas para internacionalização das artes cênicas.

A MIT é idealizada por Antonio Araujo, diretor do Teatro da Vertigem, e Guilherme Marques, diretor geral do CIT-Ecum – Centro Internacional de Teatro Ecum, em parceria com o Itaú Cultural e com apresentação do Banco Itaú.

A quinta edição da MITsp tem apresentação do Ministério da Cultura – Governo Federal e Banco Itaú, realização do Itaú Cultural, Associação Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Sesc, SESI-SP e correalização da Secretaria Estadual de Cultura – Governo do Estado de São Paulo, SESI-SP, Instituto Adam Mickiewicz da Polônia, Consulado Geral da França em São Paulo, Institut Français Brasil, Pro Helvetia, APEX, Goethe-Institut São Paulo e British Council Brasil.

Segue a programação completa da MIT no Itaú Cultural:

ESPETÁCULO

sal.

Dias 7 e 8 de março (quarta-feira e quinta-feira), às 21h30

Dias 9 e 10 de março (sexta-feira e sábado), às 20h

Dia 10 (sábado)

Após a apresentação, acontecerá o Diálogos Transversais com a participação da escritora Ana Maria Gonçalves). Mediação: José Fernando Azevedo.

Sala Itaú Cultural (185 lugares)

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Com legendas em português

Dramaturgia e atuação: Selina Thompson. Direção: Dawn Walton.

Dois artistas embarcaram em um navio cargueiro para refazer uma das rotas do Comércio Transatlântico de Escravos: do Reino Unido à Gana e, de lá, à Jamaica. As memórias, questionamentos e sofrimentos desse percurso realizado em fevereiro de 2016 levaram os artistas às profundezas do Atlântico e ao universo de um passado imaginário. O espetáculo sal. é o que eles trouxeram de volta, uma montagem sobre ancestralidade, lar, esquecimento e colonialismo. Como a história e as relações coloniais permanecem em nosso cotidiano? O que ocorre quando Selina Thompson se depara com a pergunta: “de onde você é?”. Um espetáculo sobre fazer parte de uma diáspora, que nos leva a pensar onde nos encaixamos e quais mudanças e curas ainda estão por vir.

Ficha Técnica:

Dramaturgia e atuação: Selina Thompson

Direção: Dawn Walton

Cenografia: Katherine Radeva

Som: Sleepdogs

Iluminação: Cassie Mitchell. Re-iluminado por Louise Gregory

Produção: Emma Beverley

Coordenação de produção: Louise Gregory

DIÁLOGOS TRANSVERSAIS

Comentários críticos realizados logo após as apresentações dos espetáculo.

 

Dia 5 de março (segunda-feira), às 19h

Com Loris Lacoste e Nuno Ramos. Mediação: Maria Eugênia de Menezes.

Sala Itaú Cultural (224 lugares)

Duração: 120 minutos

Classificação: Livre

Tradução Simultânea

Interpretação em Libras

O encenador francês Joris Lacoste e o escritor e artista visual brasileiro Nuno Ramos – artistas presentes na abertura e no encerramento da MITsp 2018, respectivamente – conversam sobre seus processos criativos. Em comum, o foco na palavra e o uso de arquivos públicos de discursos nos seus espetáculos.

MASTER CLASS

Corpo, afeto e política no teatro contemporâneo

Com Victoria Pérez Royo

Data 6 de março (terça-feira), às 14h

Sala Multiuso (90 lugares)

Duração: 120 minutos

Tradução simultânea

Classificação indicativa: Livre

A pesquisadora espanhola Victoria Pérez Royo expõe sua pesquisa sobre o lugar do corpo no teatro contemporâneo, suas implicações afetivas e sua relação com o político no contexto da arte, considerando espetáculos que integram a programação da Mostra. A apresentação da convidada será feita por Patrick Pessoa.

PENSAMENTO-EM-PROCESSO

Encontros com os artistas dos espetáculos da mostra, que compartilharão questões de seus processos criativos. Os autores dos artigos sobre as peças farão as respectivas mediações.

Sala Vermelha (70 lugares)

Duração: 60 minutos

Classificação indicativa: Livre

Tradução Simultânea

Dia 3 de março (sábado), às 11h

Suíte nº 2

Mediação: Ligia Souza de Oliveira (doutoranda/USP)

Dia 6 de março (terça-feira), às 11h

King Size

Mediação: Matteo Bonfito (Unicamp)

Dia 7 de março (quarta-feira), às 10h

Hamlet

Mediação: Denilson Lopes (UFRJ)

Dia 7 de março (quarta-feira), às 11h

Palmira

Mediação: Milton Andrade (Udesc)

Dia 9 de março (sexta-feira), às 11h

sal.

Mediação: Denise Espírito Santo (UERJ)

Dia 10 de março (sábado), às 11h

País Clandestino

Mediação: Sara Rojo (UFMG)

REFLEXÕES ESTÉTICO-POLÍTICAS

O estatuto da arte no Brasil contemporâneo: liberdade, alteridade, mediação

Diante do lugar inesperado ocupado pela arte em 2017 no debate público, tendo em vista os episódios de censura e violência de estado a que foram submetidos alguns artistas e curadores, o encontro propõe conversa que chame a atenção para essa distância, realizando parte dos debates na rua, em um espaço de trânsito do público em geral, como estratégia de aproximação.

Dia 8 de março (quinta-feira), às 14h

Debate O mal estar das mediações e o isolamento da arte

Com Marcos Alexandre, Rita Aquino, Renan Marcondes e Wagner Schwartz. Mediação: Patrick Pessoa.

Sala Multiúso (90 lugares)

Duração: 180 minutos

Classificação indicativa: Livre

Interpretação em Libras

 

Reflexão sobre o lugar das mediações, sobre o prejuízo da invisibilidade ou do mau uso das mediações, sobre a má compreensão das suas funções e dos seus poderes. Parece que existe uma aceleração cada vez mais intensa da emissão da opinião imediata e uma crença na legitimidade dessa não mediação. A rejeição da reflexão, da crítica e da intelectualidade, muitas vezes defendida pelos próprios artistas, que manifestam verdadeiro mal estar para com as mediações, não seria parte decisiva do processo de isolamento da arte?

Dia 9 de março (sexta-feira), às 13h30

Debate Crítica não é censura | De quem é a arte que pode tudo?

Com: Aline Vila Real, Kil Abreu, Renata Carvalho, Juliano Gomes, e Georgette Fadel. Mediação. Michele Rolim.

Sala Multiúso (90 lugares)

Duração: 270 minutos

Classificação indicativa: Livre

 

Devido à confusão existente entre crítica e censura, recentemente vieram à tona situações em que alguns movimentos se posicionaram criticamente, expondo pontos cegos da arte produzida em contextos de maioria branca, cisgênero e de classes privilegiadas. A reação à isso muitas vezes se traduziu em uma defesa irrefletida de território, com alegações de uma autonomia absoluta da arte, em frases como “a arte pode tudo”. Mas de quem é essa arte que pode tudo? Não seria essa noção restrita a contextos de classe, raça e gênero? Confundir crítica e censura não seria uma tentativa de silenciar – ainda mais – as vozes que até então têm tido lugar periférico ou nenhum lugar nos debates sobre a arte em um circuito elitista? A defesa de uma noção de arte que está acima do bem e do mal, protegida em uma torre de marfim, não exclui a alteridade? E não exclui também o público ao qual poderia se endereçar? Como praticar uma crítica capaz de escuta e de conjugar liberdade com alteridade?

DEBATES E LANÇAMENTOS DE LIVROS

Dia 7 de março (quarta-feira)

Sala Vermelha e Foyer da Sala Vermelha

Capacidade: 70 lugares

Duração: 150 minutos

Classificação indicativa: Livre

Interpretação em Libras

14h

Títulos:

O que pensam os curadores de Artes Cênicas, de Michele Rolim

O Teatro Negro em perspectiva: dramaturgia e cena negra no Brasil e em Cuba, de Marcos Alexandre

Afetos, relações e encontros com filmes brasileiros contemporâneos, de Denilson Lopes

Mediação: Patrick Pessoa.

16h30

Título:

Necropolítica, de Achille Mbembe (n-1 Edições)

Com: José Fernando Azevedo, Rosane Borges e Tatiana Roque

Mediação: Peter Pál Pelbart

DEBATE

Cena Contemporânea: panoramas críticos

Dia 10 de março (sábado), às 14h

Sala Vermelha (70 lugares)

Duração: 240 minutos

Classificação indicativa: Livre

Interpretação em Libras

Os críticos convidados à Prática da Crítica debaterão o conjunto de espetáculos apresentados na MITsp, sua repercussão crítica e, a partir deles, questões sobre a cena teatral contemporânea.

Com:

Michele Rolim – Agora Crítica Teatral (RS)

Renan Ji – Questões de Crítica (RJ)

Clóvis Domingos – Horizonte da Cena (MG)

Laís Machado – Revista Barril (BA)

Diogo Spinelli – Farofa Crítica (RN)

Juliano Gomes – Crítico de cinema da Revista Cinética (RJ)

César Ribeiro (SP)

Julia Guimarães (MG)

 

MITbr – Plataforma Brasil – Seminário de Internacionalização das Artes Cênicas Brasileiras

Sala Multiúso (90 lugares)

Duração 180 minutos

Classificação indicativa: Livre

Interpretação em Libras

Dia 8 de março (quinta-feira), 9h

Internacionalização e descolonização

Mestre de cerimônias: Rafael Steinhauser

Provocadores convidados: Hugo Cruz, Lia Rodrigues e Leo Moreira

Mediadores: Christine Greiner, Wellington Andrade e Felipe de Assis, curadores da MITbr – Plataforma Brasil.

Dia 9 de março (sexta-feira), 9h

Políticas públicas para internacionalização das artes cênicas

Mestre de cerimônias: Rafael Steinhauser

Com representantes do Instituto Goethe, Ministério da Cultura da Colômbia, Ministério da Cultura, APEX e Secretaria Estadual de Cultura de SP.

9h – Abertura

9h10 – Apresentação de representantes do Itaú Cultural, Sesc e Sesi.

10h – Mesa 1. Mediação: Paulo Feitosa

11h – Mesa 2. Mediação: Márcia Dias

SERVIÇO:

5ª MITSP – MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO PAULO

PROGRAMAÇÃO – ITAÚ CULTURAL

 

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

-+=
Sair da versão mobile