Jô, do Corinthians, divide capa de revista com esposa e filhos e fala sobre racismo: “É triste”

FONTEGlobo Esporte
Jô foi campeão paulista e brasileiro pelo Corinthians em 2017 — Foto: Marcos Ribolli

O atacante Jô, do Corinthians, foi capa da edição de julho da revista “Raça”. Ele deu entrevista ao lado da mulher Claudia Silva e dos filhos Pedro e Miguel, de cinco e dois anos, respectivamente.

Um dos temas da entrevista foi o racismo. O camisa 7 do Timão disse que presenciou situações que lhe causaram muita revolta, principalmente na Rússia. Ele atuou pelo CSKA de 2006 a 2008.

– Na Rússia tende a ter preconceito racial. Eu joguei contra um time em que até hoje não é bem visto um negro no time. Agora tem o Malcom (no Zenit), que foi muito rejeitado pela torcida (…) Eu e Vagner Love éramos do mesmo time (CSKA) e quando a gente entrava para aquecer, jogavam casca de banana – lembrou.

– Outro jogador, Welington, de outro time, nunca foi aceito. No último ano dele, a torcida colocou uma faixa no estádio, escrita “vai embora, seu macaco, seu lugar não é aqui”. Ele jogou quatro anos no mesmo time. Eu fiquei três anos. Quando a gente chega lá, já sabemos dessas histórias, mas constatar é bem pesado. Ficava pensando: pra que aquilo? A gente relevava, mas é triste – disse.

Jô, sua esposa e seus filhos na capa da revista Raça Brasil — Foto: Reprodução/Capa Revista Raça

Na entrevista, Jô fala também sobre a sua relação com a esposa. Ele acredita ser um dos poucos jogadores negros de destaque que se casou com uma mulher também negra.

– Sou um dos poucos jogadores de futebol a formar uma família preta. E isso é algo que sempre é citado por meus fãs e seguidores nas redes sociais. Que eu conheça, aqui no Brasil, somente eu e o Cortez, do Grêmio, somos casados com uma preta. Tinha o Ramirez, do Palmeiras, mas separou.

A matéria traz relatos de Jô e Claudia sobre a importância da religião na vida deles, sobre como ela superou relações extraconjugais do atacante e mostra que a família não se adaptou à vida no Japão, onde ele defendeu o Nagoya Grampus entre 2018 e a metade de 2020.

– Morei em cinco países antes do Japão e achei que era só mais um, que tiraria de letra, mas não foi… Uma cultura oposta à nossa, foi muito difícil entender como viver num país onde as pessoas são muito frias e fechadas pelo fato deles serem oprimidos por perder a guerra para os Estados Unidos, eles não têm o entusiasmo e a alegria que o nosso povo tem. Você chega num lugar e eles estão sempre desconfiados. Acostumamos, passamos dificuldades no idioma, ninguém falava inglês, muito difícil (…) O lado bom: segurança impecável, higienização fora do normal, organização, muita coisa diferente.

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