Jóia do Vasco fala de genocídio negro e pede posicionamento de colegas: ‘Não posso me alienar’

Jogador está emprestado no clube russo - GettyImages

Em entrevista ao El País, o jogador do Vasco Lucas Santos, 20 anos, mostrou preocupação com o que chama de “genocídio negro” que vem ocorrendo no Brasil. Criado na favela Para-Pedro, no bairro de Irajá, Rio de Janeiro, Lucas frequentava a barbearia em que o mototaxista Kelvin Cavalcante foi morto em outubro, durante uma operação policial.

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O jogador Lucas Santos está emprestado ao CSKA da Rússia (Foto: Getty Images)

Ao jornal, o jogador diz ter se sentido revoltado pela morte do jovem e ressalta o aumento nos índices de pessoas negras e pobres que são vítimas da violência. Na época, Lucas chegou a se manifestar nas redes sociais contra o que chamou de espírito genocida do governador Wilson Witzel.

Em setembro deste ano, o jogador foi emprestado pelo Vasco ao CSKA e se mudou para Moscou, na Rússia. Entretanto, mesmo distante da realidade em que se criou, Lucas faz questão de usar sua visibilidade para questionar as atrocidades policiais na favela.

O atleta se considera de esquerda e diz que seus questionamentos iniciaram durante as aulas de história, quando teve curiosidade de pesquisar mais sobre Martin Luther King Jr.. A partir daí, foi estudando mais sobre outras personalidades negras de destaque, como Zumbi dos Palmares e Nelson Mandela e passou a entender as origens e o verdadeiro significado do racismo.

“Não sigo cartilha nem bato palma para tudo que a esquerda faz. Mas a gente, na favela, percebe a diferença entre um governo de direita e um de esquerda. Para alguns, o Lula poderia ter feito mais. Só que ninguém nega que ele deu dignidade aos negros e pobres. Já o atual Governo faz o que pode pra dificultar nossa vida.”

Lucas teve a sorte de conquistar uma bolsa em uma escola privada graças à sua habilidade no futebol. Com isso, teve acesso a uma educação de qualidade, bastante diferente do ensino que costuma ser oferecido em escolas públicas sucateadas. Pela experiência, ele destaca que todos deveriam poder usufruir de uma educação pública de qualidade, mas sabe que esta ainda não é a realidade do país.

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