Justiça acata ação contra Piquet por falas racistas sobre Lewis Hamilton

Quatro entidades solicitam indenização de R$ 10 milhões em favor do britânico por danos morais coletivos; o brasileiro tem 15 dias para apresentar uma contestação ao tribunal

FONTECNN, por Giulia Alecrim e Júlia Vieira
Lewis Hamilton (Foto: Bryn Lennon/Getty Images)

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios acatou a ação pública impetrada por quatro entidades contra o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet por falas racistas e homofóbicas sobre o heptacampeão mundial da categoria, Lewis Hamilton. O brasileiro tem 15 dias para apresentar uma contestação à Corte.

O pedido de indenização de R$ 10 milhões em favor do britânico por danos morais coletivos foi protocolado em 5 de junho pela Aliança Nacional LGBTI+ em parceria com a Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (Abrafh), Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos.

Em nota divulgada pelas entidades, o advogado Marlon Reis afirmou que “não foi uma ofensa ao Lewis Hamilton, mas a toda a coletividade e aos valores de inclusão e diversidade”.

“A resposta de Hamilton foi elegante e precisa, um chamado para a ação contra todos os tipos de discriminação”, acrescentou Reis.

Na ocasião, o piloto se manifestou dizendo que as “mentalidades arcaicas precisam mudar” e “não têm lugar na F1”. “Fui cercado por essas atitudes e fui alvo por minha vida toda. Já houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, escreveu Hamilton em suas redes sociais.

A coordenadora da área jurídica, Amanda Souto Baliza, apontou que “as falas emitidas pelo ex-corredor são extremamente famosas e não podem ficar impunes, especialmente em razão da repercussão mundial que o caso tomou”.

“Temos que lutar contra o racismo. O racismo é primo irmão da LGBTIfobia. Temos que enfrentar todas as formas de discriminação com base na interseccionalidade das pessoas. Juntos venceremos contra a LGBTIfobia, o racismo e outras formas de discriminação”, defendeu o Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, na nota.

Procurado pela CNN, Nelson Piquet ainda não respondeu à reportagem.

Relembre o caso:

No final de junho deste ano, começou a circular pela internet um vídeo em que Piquet, ao comentar o acidente que envolveu o inglês e Max Verstappen, durante o Grande Prêmio de Silverstone, em 2021, chamou Hamilton “neguinho”.

“O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e deixou porque não tinha jeito de passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele é que só o outro [Verstappen] se f*deu”, afirmou Piquet em entrevista ao canal Motorsports Talk em novembro de 2021.

Dias depois, um novo trecho da mesma entrevista veio à tona. Dessa vez, Piquet fez uma declaração homofóbica contra o heptacampeão mundial.

As declarações foram feitas quando o brasileiro se referia a 2016, quando Hamilton perdeu a temporada para o seu companheiro de equipe, o alemão Nico Rosberg.

No novo trecho divulgado, ele tinha sido perguntado sobre a temporada de 1982 da Fórmula 1, e sobre o que achava do campeão daquele ano, Keke Rosberg, pai de Nico.

O ex-piloto brasileiro então declarou enquanto ria: “O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele. Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais c* naquela época, aí tava meio ruim.”

-+=
Sair da versão mobile