Lei escolar do Império restringiu ensino de matemática para meninas

Meninas formam fila em escola de São PauloESCOLA NORMAL CAETANO DE CAMPOS/CRE MARIO COVAS

Reportagem da série Arquivo S mostra como senadores esgrimiram argumentos machistas para justificar um currículo diferente para o “belo sexo”

Por Ricardo Westin (Agência Senado), no Él País

Meninas formam fila em escola de São Paulo (ESCOLA NORMAL CAETANO DE CAMPOS/CRE MARIO COVAS)

A primeira grande lei educacional do Brasil, de 1827, determinava que, nas “escolas de primeiras letras” do Império, meninos e meninas estudassem separados e tivessem currículos diferentes. Em matemática, as garotas tinham menos lições do que os garotos. Enquanto eles aprendiam adição, subtração, multiplicação, divisão, números decimais, frações, proporções e geometria, elas não podiam ver nada além das quatro operações básicas. Nas aulas de português e religião, por outro lado, o conteúdo era o mesmo para meninos e meninas.

— A questão é se as meninas precisam de igual grau de ensino que os meninos. Tal não creio. Para elas, acho suficiente a nossa antiga regra: ler, escrever e contar. Não sejamos excêntricos e singulares. Deus deu barbas ao homem, não à mulher — discursou o senador Visconde de Cayru (BA).

A fala do Visconde de Cayru está guardada no Arquivo do Senado, em Brasília. Antes de ser assinada pelo imperador dom Pedro I e virar lei, a proposta que estruturava o ensino primário do Brasil foi discutida e votada na Câmara e no Senado. Os senadores travaram acalorados debates sobre qual seria o currículo mais apropriado para as crianças do sexo feminino nesse Brasil oitocentista.

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