Livro sobre espetáculo Cabaré da Raça é lançado

Cartão de visita da companhia negra de maior visibilidade nos palcos locais e uma das mais importantes do país, o Cabaré da rrrrraça é a fonte de inspiração do novo livro do jornalista e escritor Marcos Uzel, que lança nesta quarta-feira (29/8), às 19h, no Teatro Vila Velha, mais um documento de memória para o teatro baiano: Guerreiras do Cabaré: A mulher negra no espetáculo do Bando de Teatro Olodum (Edufba/208 páginas).

Fenômeno de popularidade na cena teatral de Salvador, o espetáculo Cabaré da rrrrraça, do Bando de Teatro Olodum, completa neste mês de agosto 15 anos em cartaz. Nunca antes na história do teatro na Bahia uma peça encenada exclusivamente por artistas negros fez tanto sucesso e permaneceu tanto tempo em cartaz.

O livro é uma extensão das experiências acumuladas pelo autor nos últimos 20 anos, dentro e fora da academia, nas inserções pelo campo da pesquisa e do exercício jornalístico como repórter de cultura e crítico teatral.

Em 2003, Uzel publicou O teatro do Bando: negro, baiano e popular, um conjunto de reportagens de conteúdo biográfico que documentou a atuação do Bando de Teatro Olodum entre 1990 e 2002.

Com esta nova publicação, ele dá continuidade ao seu projeto Trilogia do Bando, que deve gerar ainda uma terceira publicação que atualize a biografia da companhia baiana.

A temática abordada por Uzel em Guerreiras do Cabaré evidencia uma reflexão sintonizada com a atualidade de um mundo no qual crimes de racismo ainda são praticados cotidianamente e onde os aspectos de gênero da discriminação racial e os aspectos raciais da discriminação de gênero não foram totalmente apreendidos nos discursos pelos direitos humanos.

“Na hierarquia dos dispositivos de exclusão social, as mulheres negras continuam no fim da fila, atrás do homem branco, da mulher branca e do homem negro”, enfatiza o autor, que assistiu a mais de 30 apresentações do Cabaré da rrrrraça para escrever este livro, resultado da sua dissertação de mestrado no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da UFBA.

O principal estímulo para a publicação foi a fartura de possibilidades de reflexão apresentadas pelas personagens femininas do espetáculo, dirigido por Marcio Meirelles.

A peça é impregnada de temas vinculados à questão racial, como identidade, relações inter-raciais, miscigenação, branqueamento, sexualidade e religião.

O livro também contextualiza a trajetória do Bando e enfatiza os seus elos históricos com movimentos culturais e políticos, não só na Bahia, mas em outras partes do mundo, e reflete sobre alguns aspectos do teatro negro no Brasil.

 

 

Fonte: Tribunal da Bahia 

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