Mãe de jovem morta por PM do Rio pede fim da impunidade de policial

A mãe de Haíssa Vargas Motta, jovem de 22 anos morta durante uma abordagem da Polícia Militar (PM no ano passado), Sônia Vargas Motta, disse hoje (12) que o vídeo da ação divulgado pela revista Veja confirma que sua filha foi vítima de um crime e é preciso acabar com a impunidade do policial que, afastado, fica trabalhando administrativamente. O Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro anunciou hoje (12) que vai denunciar o  PM Márcio José Watterlor por homicídio doloso.

Da Agência Brasil Edição: Jorge Wamburg

“Soltaram o nosso grito de dor com esse vídeo. Se eu cometesse um crime, eu seria presa, mas ele não. A nossa vida parou e a gente não consegue trabalhar. Os policiais atiraram primeiro para depois perguntar. Não é possível que isso continue a acontecer, não quero acreditar que tenha sido esse ensinamento que esse cidadão desobedeceu. Me nego a acreditar que ele tenha sido treinado para atirar e depois perguntar. O procedimento foi totalmente errado. Isso só redobra e aumenta a dor”, protestou.

Já o pai de Haíssa,  Ironildo Motta da Silva, disse que a atuação dos policiais foi equivocada, mostrou falta de treinamento e de postura militar. “É um despreparo total que nos causou uma dor muito grande. Hoje, nós estamos revendo tudo de novo e é uma segunda dor, ainda maior, insuportável. Esse vídeo veio para nos ajudar a reavivar o crime, que até então havia ficado esquecido. Durante cinco meses, o nosso governo, nosso estado, não se pronunciou sobre o caso. E esse vídeo, nesse sentido, foi um presente para a gente. Até então, minha filha era como um bicho jogado no lixo, mas a minha filha não é nem bicho e nem lixo. A minha filha, uma menina que ia cursar a faculdade, foi tratada como eles tratam bandidos”.

Em um encontro com empresários no Rio, o governador Luiz Fernando Pezão, lamentou a morte da jovem Haíssa e disse que o seu governo tem um compromisso com uma melhor formação dos policiais militares. “Eu tenho certeza que vamos melhorar muito a formação dos nossos policiais, mas isso é um processo demorado”, disse. Pezão considerou a morte da jovem um erro, fruto da imperícia da atuação policial. “É importante lembrar que foram as câmeras que estavam dentro do carro da polícia, fruto da tecnologia que estamos implantando cada vez mais no aparato policial. Foram as câmeras que detectaram os erros”.

Além disso, o governador destacou que o tempo de formação do policial no Rio de Janeiro é igual ao de outros lugares do mundo: “[a formação] é a mesma que há em todo lugar. O período que ele passa, de seis a oito meses, é o mesmo em qualquer lugar do mundo”, disse.

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